No domingo, equatorianas e equatorianos vão às urnas para votar no segundo turno das eleições presidenciais do país. A Internacional Progressista está no local para observar as eleições a convite da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) do Equador, já que o processo democrático está sendo ameaçado por irregularidades institucionais, perseguição política e padrões preocupantes de violações constitucionais.
A missão de observação agora soa o alarme—e apela à comunidade internacional para que ela permaneça vigilante em relação a vários acontecimentos preocupantes desde o primeiro turno da votação presidencial no mês passado:
(1) Alterações Inconstitucionais nas Regras Eleitorais
Em uma decisão inédita e controversa, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proibiu todos os celulares nos locais de votação. Essa proibição, implementada apesar do Código Eleitoral do Equador proibir mudanças nas regras dentro de um ano das eleições, acarreta multas que variam de $9.870 a $32.900. Dadas as vagas diretrizes envolvidas no policiamento da proibição, muitos agora temem que soldados enviados aos locais de votação para garantir um processo seguro e pacífico possam ser usados para apreender celulares de eleitores e eleitoras ou para obstruir a verificação democrática da totalização dos votos, geralmente realizada por meio de fotografias das apurações eleitorais.
Esta proibição, portanto, não só gera extrema incerteza—dados o severo distanciamento da experiência das eleições recentes e as suas penalidades pesadas—como também ameaça comprometer a transparência dos processos de verificação conduzidos por observadorxs partidários e mesárixs, que são fundamentais para a confiança dos eleitores no processo eleitoral.
Para complicar ainda mais o acesso de eleitores e eleitoras, a CNE anunciou a relocação de dez locais de votação em seis províncias, há apenas cinco dias antes das eleições—uma decisão que afeta inúmeros eleitores e cria uma incerteza logística que pode reduzir a participação nos distritos afetados.
(2) Perseguição de Oponentes
Um padrão de processos judiciais direcionados contra figuras do movimento Revolución Ciudadana vem sendo notado. As investigações criminais contra Andrés Arauz, ex-candidato presidencial e Secretário Executivo do Revolución Ciudadana, e Virgilio Hernández, deputado do Parlamento Andino, avançaram com velocidade incomum, apesar da falta de provas substantivas. Esses casos, iniciados por meio de denúncias de membros do partido governista Ação Democrática Nacional, levantam preocupações sobre a politização das instituições judiciais.
A candidata presidencial Luisa González enfrentou acusações de violência política de gênero, que os tribunais rejeitaram por falta de provas. E na última semana de campanha, a Procuradoria-Geral da República apresentou acusações de tráfico de combustível e solicitou a prisão de Aquiles Álvarez, prefeito de Guayaquil—a maior cidade do Equador.
Nas eleições presidenciais de 2023, a culpa pelo chocante assassinato do candidato Fernando Villavicencio foi atribuída diretamente à Revolución Ciudadana (RC). Quase 18 meses depois, em 8 de abril de 2025, Verónica Sarauz, viúva de Fernando Villavicencio, emitiu um comunicado revelando que a Procuradoria-Geral da República, em coordenação com Daniel Noboa, a havia pressionado a acusar publicamente a RC pelo assassinato de seu marido. A implicação da RC no assassinato de Villavicencio, segundo relatos do Drop Site News e do The Intercept Brasil, contribuiu significativamente para a formação de uma narrativa pública favorável a Noboa nas eleições presidenciais de 2023.
(3) Interferência Estrangeira
A Internacional Progressista observa com preocupação o recente anúncio do presidente Noboa sobre a colaboração com Erik Prince, fundador da empresa militar privada Blackwater, visando dar suporte a operações de segurança. A organização de Prince possui um histórico documentado de operações controversas em zonas de conflito.
Prince já participou de atividades de segurança no Equador, incluindo a "Operação Apollo 13" em Guayaquil, em 5 de abril, que resultou em inúmeras prisões—a maioria das quais foi posteriormente libertada sem acusações. Após essa operação, Prince fez declarações públicas criticando a candidata presidencial Luisa González, levantando questões sobre o envolvimento estrangeiro na política eleitoral nacional.
A presença de empresas privadas de segurança estrangeiras em momentos de processos eleitorais levanta preocupações legítimas quanto à soberania e à percepção de influência externa nos procedimentos democráticos do Equador.
(4) Abuso do Cargo Público
O presidente Noboa se recusou descaradamente a seguir os protocolos constitucionais de sucessão durante sua campanha. Em vez de transferir o poder para a vice-presidente Verónica Abad, como exigido constitucionalmente, Noboa delegou autoridade à uma oficial não eleita, Cynthia Gellibert Mora—uma ação explicitamente considerada inconstitucional pela mais alta corte do Equador. A vice-presidente Abad foi então sancionada pela Justiça Eleitoral, que a cassou de seus direitos políticos sem fundamentos legais suficientes.
Recentemente, reportagens do jornalista Andrés Durán e da revista colombiana Raya documentaram como um empreiteiro contratado pela Noboa Trading—uma empresa exportadora de banana de propriedade da família Noboa—foi preso três vezes (em 2020, 2022 e 2024) em conexão com carregamentos de cocaína supostamente encontrados em exportações de banana, mas conseguiu evitar processos judiciais repetidamente. A Agência Pública, publicação brasileira, noticiou em 1º de abril que o presidente Noboa, de fato, detém a propriedade da empresa por meio da Lanfranco Holdings, uma entidade sediada no Panamá—numa potencial violação da lei equatoriana que proíbe funcionários públicos de manter ativos em paraísos fiscais.
A natureza coordenada dessas ações—abrangendo domínios judiciais, constitucionais, eleitorais e de alocação de recursos—sugere uma estratégia deliberada para influenciar resultados eleitorais por meio de manipulação institucional.
Apelamos à comunidade internacional—observadores eleitorais, organizações de direitos humanos, missões diplomáticas e instituições democráticas—para que monitorem o processo eleitoral no Equador com maior escrutínio. O direito fundamental do povo equatoriano de determinar seu futuro político por meio de processos livres, justos e transparentes deve ser defendido.
Os olhos do mundo democrático estão voltados para o Equador neste domingo. O que está em jogo não é apenas o resultado eleitoral, mas a resiliência da própria democracia constitucional—no Equador, na América Latina e no mundo.
Em 27 de março, o Google anunciou uma nova parceria de IA com a maior fabricante de armas do mundo, a Lockheed Martin. Na semana seguinte, o Intercept revelou um novo contrato entre o Google Cloud (o serviço de computação em nuvem do Google) e a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP) para a "atualização do chamado muro virtual". Nesta semana, o Google anunciou uma nova parceria com os Emirados Árabes Unidos, enquanto seu governo apoia o genocídio em andamento no Sudão.
Em resposta, trabalhadorxs do Google juntxs da campanha No Tech for Apartheid demandam que a empresa abandone não só esses contratos mas também o Projeto Nimbus— um contrato no valor de 1,2 bilhões de dólares com as forças armadas de Israel.
Você pode apoiar o apelo delxs aqui.
O Estado paquistanês lançou uma intensa repressão ao Comitê Balúchi Yakjehti (BYC), um movimento popular de massa que inclui um número significativo de mulheres e que resiste a desaparecimentos forçados em larga escala, execuções extrajudiciais, tortura sob custódia, assassinatos e despejos, além de operações militares realizadas pelas forças de segurança paquistanesas do povo balúchi.
No momento da redação deste texto, quase toda a liderança do BYC encontrava-se detida em instalações de segurança máxima ou em locais não divulgados, ou então escondendo-se. Um grande número de membros do BYC também desapareceu. Esta repressão marca uma escalada nos esforços do Estado para silenciar vozes que exigem justiça e responsabilização.
Forças progressistas no Paquistão vem pedindo a libertação imediata de lideranças e membros do BYD, incluindo: Dr Mahrang Baloch, Sibghatullah Shahjee, Bebarg Zehri, Beebow, e centenas de outros e outras que estão atrás das grades.
O governo do Zimbábue começou a pagar reparações reversas aos colonos brancos, que cultivaram terras roubadas de camponeses indígenas durante o domínio colonial britânico.
Os pagamentos são apresentados como "compensação" pela redistribuição de terras após a independência do Zimbábue. Mas os movimentos populares do país se recusam a arcar com o fardo imposto pelo colonizador.
Saiba mais sobre a campanha e demonstre seu apoio aqui.
Uma nova investigação do Movimento da Juventude Palestina, membro da Internacional Progressista, publicada pelo Declassified UK, revela que navios cargueiros da Maersk ainda vem transportando componentes de F-35 dos EUA em direção a Israel, abastecendo o genocídio em Gaza.
Acesse a reportagem exclusiva aqui.
Três líderes da Liga Juvenil do Pudemo—Mthobisi Ntjangase, Tanele e Zanedi Tfwala—foram libertados após serem presos pelas forças do Rei Mswati III.
Mswati proibiu partidos políticos em Eswatini, pois o monarca absolutista restringe a expressão democrática e a liberdade.
A Thousand Years of Non-Linear History (2019) é feito pela combinação de fios extraídos de tecelagens dos últimos milênios, cujas origens vêm de diferentes séculos e lugares ao redor do mundo.
Oscar Santillán (1980, Equador) é um artista visual, cibernético e escritor que vive entre a Holanda e o Equador.
Sua prática emerge da noção de "Antimundo", que ele entende como "uma forma de identificar e gerar realidades que não cabem no mundo". Para tanto, ele recorre a formas de produção de conhecimento e imaginários negligenciados pelo pensamento ocidental dominante, como a cibernética, a ficção científica, as cosmologias andina e amazônica, uma história da ciência mais inclusiva e a inteligência vegetal.