Labor

O dia em que faxineiras de universidade belga derrubaram seu chefe

Cinquenta anos atrás, faxineiras de uma universidade belga entraram em greve e criaram sua própria cooperativa chamada ¨A Vassoura Liberta¨.
Em 1975, faxineiras da Universidade Louvain-la-Neuve, na Bélgica, fizeram uma greve, "demitiram" seu chefe e formaram Le Balai Libéré, uma cooperativa autogerida que triplicou os salários e cresceu para mais de 100 trabalhadores(as). Após 14 anos de sucesso, a cooperativa encerrou as atividades em 1989 devido a licitações competitivas. O documentário de 2023 de Coline Grando revive essa história, contrastando o empoderamento dos trabalhadores do passado com as condições de trabalho fragmentadas de hoje.

Em 1975, mais de trinta faxineiras da recém-criada Universidade Católica de Louvain-la-Neuve (UCL), na Bélgica, entraram em uma greve de três semanas, "demitiram" seu chefe e decidiram lançar uma cooperativa autogerenciada. Esse experimento na democracia econômica radical — nomeado "Le Balai Libéré" (A Vassoura Libertada) — permitiu que elas triplicassem seus salários e que a cooperativa expandisse para mais de cem pessoas, demonstrando que elas podiam gerir seus próprios assuntos. Depois de quatorze anos de sucesso, a imposição de um sistema de licitação aberta — permitindo que concorrentes privados oferecessem preços mais baixos — encerrou repentinamente o projeto.

A história da ¨Vassoura Liberta¨ tinha sido praticamente esquecida quando a documentarista francesa Coline Grando começou seus estudos na universidade, no final dos anos 2010. Mas, felizmente, ela soube da história por meio de um amigo — e logo decidiu começar a recuperar essa memória. Depois de cinco anos vasculhando arquivos, batendo de porta em porta para encontrar os(as) envolvidos(as) na cooperativa e conversando com os(as) faxineiros(as) que trabalham na universidade hoje em dia, Grando lançou seu documentário Le balai libéré, em 2023.

Nesta entrevista, Grando falou a Daniel Kopp sobre seu filme, os logros e desafios da autogestão, e se seria possível criarmos uma imaginação política semelhante nos dias de hoje.

Daniel Kopp: Por que as faxineiras entraram em greve em 1975 — uma ação que levaria à criação de uma cooperativa autogestionária?

Coline Grando: No início dos anos 1970, a cidade e a universidade de Louvain-la-Neuve haviam acabado de ser construídas. A empresa ANIC, que contratou as mulheres, era uma subcontratada clássica — e a universidade havia decidido terceirizar o trabalho de limpeza para ela. Mas o sindicato não concordou.

Como os orçamentos da universidade estavam sendo cortados, o subcontratante queria enviar algumas das trabalhadoras para outro local em Recogne, na região de Luxemburgo da Bélgica. Não foi providenciada uma van para elas irem até lá. Na Bélgica, viajar 128 quilômetros para trabalhar não faz sentido. Elas não aceitaram isso, então algumas delas recorreram ao sindicato.

As faxineiras iniciaram uma greve de três semanas. Você pode imaginar como fica uma universidade, especialmente uma em construção, quando não é limpa por três semanas. As trabalhadoras me disseram que os professores e estudantes vieram à praça da universidade para pegar papel higiênico durante a greve. Todo dia de greve, havia algum tipo de evento, como, por exemplo, uma manifestação em que queimaram uma efígie do patrão e o colocaram em um caixão. Sempre havia algo para lembrar às pessoas de Louvain-la-Neuve de que as faxineiras estavam em greve.

Os dirigentes sindicais sugeriram imediatamente que as trabalhadoras passassem a gerenciar seu próprio trabalho. Elas foram inspiradas por uma iniciativa de autogestão em uma fábrica de relógios da LIP, em Besançon, na França, que ocorreu alguns anos antes. Alguns sindicalistas belgas que haviam ido a Besançon para ver como funcionava na LIP voltaram com o desejo de lançar a autogestão. A ¨Vassoura Liberta¨ faz parte dessa história.

Daniel Kopp: Então foi o sindicato que teve a ideia da autogestão?

Coline Grando: Sim, no caso das faxineiras, algumas ficaram e entraram na onda da autogestão e outras foram procurar trabalho em outro lugar. Eram quarenta e duas delas na época da greve e trinta e oito que aceitaram. Havia workshops durante a greve, como, por exemplo, um grupo de trabalho jurídico que fez a pergunta: Que tipo de estrutura queremos? Havia grupos com estudantes de Louvain-la-Neuve para popularizar a luta. Havia grupos de trabalho e todos os dias eles vinham ao local.

É importante ressaltar que já existia um triângulo de relações entre o sindicato, a universidade e o chefe. Assim que houve uma disputa com o subcontratado, a universidade foi envolvida na discussão. Agora, o maior problema era persuadir a universidade a aceitar a autogestão, pois isso significava convencê-la a romper o contrato com o subcontratado e assinar um contrato com uma nova organização sem fins lucrativos que seria chamada de "A Vassoura Liberta". Mas como os sindicalistas da Confederação da União Cristã (CSC) conheciam pessoas no conselho da Universidade Católica de Louvain-la-Neuve, as estrelas se alinharam para a universidade aceitar.

Um argumento dizia que a reputação da universidade melhoraria se apoiassem esse tipo de iniciativa incomum, para testar uma nova forma de gestão. E funcionou bem — de um contrato de alguns meses, passando para um ano, depois para três anos, o contrato foi constantemente renovado até 1989.

Daniel Kopp: As faxineiras falavam constantemente sobre "demitir o chefe". Então essa inversão de poder no local de trabalho foi simbólica?

Coline Grando: Sim, foi, na verdade, uma demissão simbólica. O sindicalista, que basicamente estava à frente da criação desta cooperativa, escreveu uma carta ao patrão que encontrei nos arquivos. Na carta, ele explica que ele é um péssimo chefe, que não tem consideração por seus trabalhadores e não respeita as regras. As trabalhadoras concordaram em assinar a carta e ela foi enviada ao chefe.

Daniel Kopp: Começa assim: "Senhor, após nos reunirmos durante uma semana em grupos de trabalho e em assembleia-geral, as trabalhadoras da sua empresa observaram o seguinte: em primeiro lugar, notamos que, após um estudo aprofundado do nosso trabalho, podemos organizá-lo perfeitamente entre nós. Concluímos, portanto, que você é absolutamente inútil e parasita.¨

Coline Grando: Sim, essa carta é bem divertida. Foi lida duas vezes no meu filme porque é muito engraçada mesmo. Claro que era simbólico, mas também era uma forma de motivar as tropas e mostrar que o sindicato estava arregaçando as mangas. Mas, na verdade, a verdadeira demissão foi que a UCL decidiu romper o contrato com o subcontratado e ele não se rebelou contra isso. A universidade poderia ter sido responsabilizada por quebrar um contrato. Acredito que foi negociado que o subcontratado mantivesse parte do contrato da universidade, mas em outro local em Bruxelas.

Daniel Kopp: O que as faxineiras fizeram com os "meios de produção", os equipamentos?

Coline Grando: Uma das coisas que fizeram durante a greve, novamente por instigação dos sindicatos, foi confiscar os equipamentos. Elas chamaram isso de "apoderar-se dos despojos da guerra".

Após a greve, elas o devolveram, porque era propriedade da empresa, obviamente. Durante a greve, elas venderam adesivos para comprar equipamentos básicos, ou seja, panos de prato e rodos. Porque, na realidade, é isso que você precisa para limpar: baldes, panos de prato e rodos. Então, quando assinaram um novo contrato com a universidade, elas usaram o dinheiro para comprar máquinas.

Você precisa entender que, na Vassoura Liberta, elas realmente queriam trabalhar com bons equipamentos. Como eram quem decidiam o que fazer com o dinheiro, acharam isso muito importante. Hoje em dia, por exemplo, esse não é mais o caso de forma alguma. Os trabalhadores não têm escolha sobre com o que trabalham. Como os subcontratados podem estar lá somente por cinco anos pelo contrato ser de cinco anos, eles não vão investir. No filme, há a história do aspirador de pó que não aspira. Na Vassoura Liberta, elas tinham ótimos equipamentos.

Daniel Kopp: Nas décadas de 1960 e 1970, a Europa Ocidental experimentou uma onda de ocupações. Mas quando pensamos nisso, muitas vezes pensamos em produção e fábricas. É isso que torna a história da Vassoura Liberta tão única: trata-se de mulheres faxineiras na base da cadeia de valor, não operárias de fábrica, que decidiram administrar seu trabalho sozinhas. Você pode nos contar um pouco mais sobre como essa autogestão em particular funcionou na prática e como elas enfrentaram os desafios que encontraram?

Coline Grando: Elas já eram razoavelmente autônomas. Havia diversas equipes pequenas que sabiam como trabalhar, que sabiam se organizar. As assembleias gerais eram realizadas uma vez por mês e os comitês de gestão uma vez por semana, para assuntos mais práticos. Elas estabeleceram estruturas, por exemplo, uma representante de cada equipe ia ao comitê de gestão todas as segundas-feiras — e isso precisava ser alternado para compartilhar a responsabilidade.

Quanto ao sucesso da Vassoura Liberta, é importante saber que os lucros foram enormes. Após lançar a autogestão, em uma assembleia-geral, elas decidiram o que fazer com os lucros. Contratamos para reduzir a carga de trabalho? Investimos em equipamentos porque isso permite que as pessoas trabalhem melhor sem se esforçarem demais? Ou elas deveriam se dar um bônus e dividir uma quantia em dinheiro?

Então, elas aumentaram seus salários em comparação ao que tinham antes. Anteriormente, eram 36 francos por dia, então aumentaram para mais de 95 francos. Depois, havia o horário de trabalho. Elas se certificaram que estivesse conforme o ônibus e o trem para Louvain-la-Neuve — porque nenhuma delas morava lá. Elas fizeram tudo o que podiam pelas trabalhadoras. Se em algum momento elas contrataram muitas pessoas, por exemplo, em vez de demitir alguém, todas ficaram em desemprego parcial: um dia de desemprego por semana até se equilibrar novamente. No entanto, elas demitiram pessoas porque, às vezes, cometiam erros graves.

Daniel Kopp: E os desafios?

Coline Grando: O principal desafio era manter vivo o espírito da autogestão, organizando assembleias gerais e comitês de gestão.

Elas também gostavam que as equipes fossem misturadas para que não houvesse pequenos grupos que pudessem se opor mutualmente na assembleia-geral. Isso não funcionou de jeito nenhum. As trabalhadoras queriam ficar no mesmo prédio, porque uma vez que você domina a limpeza de um prédio, você simplesmente não quer mudar. Até hoje os(as) trabalhadores(as) dizem haver muito conflito sempre que alguém sai de férias e volta e o(a) colega não fez a limpeza da mesma forma.

Os prédios da universidade estavam sendo construídos à medida que avançavam; o trabalho aumentou e elas tiveram que contratar mais pessoas. Como em muitas empresas, elas contrataram pessoas de suas próprias famílias. Então às vezes havia famílias inteiras na empresa, com os maridos como limpadores de janelas e as irmãs, filhas e noras como faxineiras. Isso não tornou a autogestão mais fácil, porque ainda havia essa ideia de clã durante a assembleia-geral.

O sindicato sempre manteve um pé na empresa, enviando pessoas para fazer a contabilidade e conduzir as reuniões. Não foi possível tornar as meninas, as trabalhadoras, completamente autônomas, mesmo que fosse isso que elas queriam.

Daniel Kopp: Seu filme também conta a história do fim da Vassoura Liberta em 1989, quando as regras de contratações públicas foram cada vez mais liberalizadas. Como e por que a cooperativa terminou?

Coline Grando: Em 1989, a universidade, que não havia feito isso até então, decidiu lançar uma licitação pública, e a Vassoura Liberta se candidatou — e ainda era bastante competitiva. Mas, por alguma razão, a universidade relançou uma licitação até que uma empresa flamenga apareceu e baixou muito os preços.

Podemos supor que foi um pouco orquestrado, mas houve vários fatores. O apoio à cooperativa no conselho de diretores da universidade não era mais garantido. Os dirigentes sindicais também dizem que as trabalhadoras estavam muito menos motivadas para lutar e, aparentemente, a qualidade do trabalho não era mais tão alta. Portanto, havia vários fatores que fizeram com que, em determinado momento, a universidade quisesse se livrar da Vassoura Liberta.

No final, o contrato foi ganho por essa empresa flamenga, que contratou as trabalhadoras da cooperativa. É o sistema de licitações no qual o chefe muda, mas contrata os mesmos funcionários — uma obrigação de seis meses. Posteriormente, o chefe só as manteve porque não fazia sentido treinar novamente as pessoas para um local tão grande.  Parece óbvio para mim que é um sistema que não parece funcionar corretamente.

Daniel Kopp: Seu documentário não é um simples trabalho de arquivo. Você decidiu fazer com que as faxineiras da cooperativa dos anos 1970 dialogassem com aqueles que desempenham as mesmas funções na Universidade de Louvain-la-Neuve hoje. Por que você tomou essa decisão?

Coline Grando: Eu queria fazer um filme que ressoasse no presente, que nos fizesse perguntas sobre agora.

Achei incrível e extremamente rico o fato de existir um vocabulário nas conversas entre as funcionárias antigas e os(as) atuais, o qual é extremamente específico, como em todos os ofícios. Ou as mais antigas ainda poderiam dizer se era linóleo ou azulejos em um determinado edifício. O filme mostra todo o trabalho que as pessoas que cuidam desses edifícios fazem. E mesmo os trabalhadores de hoje me disseram ser comovente ver as pessoas que mantiveram esses edifícios.

É um trabalho que condiciona todos os outros. Sem isso, ninguém trabalha. E esses(as) trabalhadores(as) nunca têm voz. Tive a sensação de que essa troca entre gerações nos ensinaria coisas. Como é o mundo do trabalho hoje? Embora eu tivesse começado a trabalhar na história da Vassoura Liberta, percebi que, no filme, a cooperativa seria um pretexto para falar sobre as condições de trabalho hoje.

Fui à universidade para conhecer a equipe de limpeza logo após o primeiro lockdown ter sido amenizado, em agosto de 2020. Os(as) faxineiros(as) haviam sido completamente afetados pela crise do COVID-19. Ele(a)s precisavam desesperadamente dos holofotes. Embora eu mal conhecesse eles(as), quatorze pessoas concordaram em ser filmadas falando sobre o trabalho deles(as). Com toda a desconfiança da mídia, especialmente no mundo do trabalho, isso não é insignificante. Pensei: "Eles têm algo a dizer sobre o presente".

Daniel Kopp: Com quase cinquenta anos de perspectiva, seu filme também conta a história da evolução do trabalho de limpeza. Em francês, tem até um nome diferente hoje em dia. Eles(as) não são mais chamados de "faxineiros(as)"; eles(as) são chamados(as) de "agentes de superfície". Os(as) trabalhadores(as) no documentário até falam sobre "trabalho de fábrica". Por exemplo, a Vassoura Liberta chegou a empregar cem funcionários(as) em um determinado momento, mas hoje os(as) trabalhadores(as) limpam uma universidade muito maior com uma área de 350.000 m² com cinquenta pessoas. Como a natureza do trabalho mudou desde a época da cooperativa?

Coline Grando: Devo dizer que as condições de trabalho na Vassoura Liberta também não eram a norma na década de 1970. Mas, claramente, o ritmo de trabalho não era o mesmo e era muito mais acolhedor. Isso não significa que as condições de trabalho fossem ótimas ou que eles(as) não sofressem no trabalho.

Com o sistema de licitação, o único fator que o chefe pode ajustar é o número de funcionários(as). O salário não pode ser alterado porque existem acordos coletivos e o equipamento não pode ser muito mais produtivo. Quanto menos pessoas contratadas, mais rápido o ritmo e mais pesado o fardo sobre os ombros dos(as) trabalhadores(as). No caso da universidade, que está espalhada por muitos edifícios, as pessoas ficam sozinhas o dia todo. Elas mal veem seus colegas.

Além dos danos físicos, há um enorme dano moral: elas não têm mais permissão para fazer seu trabalho adequadamente. Essa é a grande diferença com a Vassoura Liberta, onde elas se orgulhavam de fazer um bom trabalho com bons equipamentos. Elas disseram fazerem tudo brilhar, que não havia uma linha de sujeira no chão, que lavavam as paredes. Todo verão, elas removiam todos os móveis dos escritórios e faziam uma limpeza completa em toda a sala.

Hoje em dia eles não são mais solicitados a limpar adequadamente; eles são solicitados a fazer com que pareça limpo o mais rápido possível.

Além disso, hoje em dia com a terceirização, os(as) trabalhadores(as) estão isolados(as) simbolicamente. Eles(as) não usam as mesmas roupas que as pessoas que trabalham para a universidade. Na teoria, eles(as) não podem tomar seu café no refeitório usado por pesquisadores e funcionários da administração da universidade. Eles(as) são constantemente lembrados(as) de que não fazem parte da universidade. Mas eles(as)  trabalham na universidade há vinte e cinco anos e, quando perguntados(as) sobre o que fazem para viver, não dizem: "Eu trabalho para uma empresa que mudará em três anos". Eles(as) dizem: "Eu trabalho na universidade". Achei muito triste que esse sentimento de pertencimento seja negado a eles(as). Eles(as) já têm um trabalho desvalorizado e nem mesmo podem fazer parte de uma organização bastante prestigiada, como a universidade.

Daniel Kopp: Os(as) funcionários(as) também expressaram esse sentimento de que a coletividade, a comunidade e a solidariedade não estão mais presentes, sendo mais cada um por si. Mas as trabalhadoras da Vassoura Liberta disseram que a solidariedade era realmente a base de sua cooperativa. O filme dá a impressão de que seria muito mais difícil repetir essa experiência hoje, porque os(as) trabalhadores(as) estão muito mais isolados(as) e fragmentados(as). Como você vê isso?

Coline Grando: No que diz respeito à solidariedade na Vassoura Liberta, gostaria de enfatizar que as pessoas não se davam melhor nem eram mais solidárias umas com as outras. Havia muitas pessoas que não se suportavam ali. Mas a organização da empresa dizia que se não houvesse solidariedade, o navio afundaria. Mesmo que você não suporte a pessoa em seu prédio ou na porta ao lado, você virá e a ajudará porque um problema não resolvido significa menos dinheiro para todes. E isso força as pessoas a mostrarem solidariedade.

Daniel Kopp: Então a estrutura da empresa molda a solidariedade?

Coline Grando: Quando ouço que as pessoas não demonstram mais solidariedade, tenho a impressão de que o que elas querem dizer é que todo(a)s mudamos individualmente. Mas são as estruturas de hoje que estão nos pressionando a ser individualistas.

Daniel Kopp: O que os(as) trabalhadores(as) acharam quando assistiram ao filme?

Coline Grando: Quando o filme foi finalizado, antes de ser exibido na TV e nos cinemas, organizei uma exibição só para eles(as) para que pudessem assistir em paz. Todos(as) estavam muito felizes. Eles(as) me disseram: "Eu não estava esperando por isso". Eu não sei o que eles(as) estavam esperando. Mas talvez eles(as) não estivessem acostumados(as) com esse tipo de filme em que você dedica um tempo para ouvir as pessoas. Os documentários de TV, em contraste, costumam ser filmes rápidos com narração.

Também mostrei o filme em um curso universitário. Alguns professores decidiram incluir o filme em seu currículo. No auditório Sócrates, o maior auditório da universidade, exibimos o filme para 350 alunos que eram obrigados a estar lá. Muitos realmente não se importaram, mas recebi ótimas perguntas depois de um debate. Um estudante me perguntou o que poderíamos fazer para auxiliar os(as) faxineiros(as). Acredito que esta é realmente uma das questões — a solidariedade entre as classes e a convergência das lutas. No fim das contas, foi isso que permitiu que a Vassoura Liberta existisse.

Coline Grando é cineasta e diretora de Le balai libéré.

Daniel Kopp é sindicalista e escritor.

Foto: Funcionários de limpeza da universidade fazem uma reunião em um frame do documentário Le balai libéré, de Coline Grando. (Doclisboa / YouTube) via Jacobin

Available in
EnglishSpanishPortuguese (Brazil)GermanFrenchItalian (Standard)Arabic
Author
Daniel Kopp
Translators
Talita Serpa , Anna Ferreira and ProZ Pro Bono
Date
01.05.2025
Source
JacobinOriginal article🔗
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