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O Movimento dos sem-terra (LPM): a Namíbia em confinamento

"O LPM pretende restaurar a dignidade do povo namibiano ao mobilizar as massas para defender seus direitos e combater a corrupção, assim como gerar melhores condições de vida."
Mesmo trinta anos após a independência da Namíbia, ainda faltam habitação, educação, água e saneamento básico, infraestrutura de saúde e emprego, em meio à corrupção generalizada. A Covid-19 expôs essa realidade.
Mesmo trinta anos após a independência da Namíbia, ainda faltam habitação, educação, água e saneamento básico, infraestrutura de saúde e emprego, em meio à corrupção generalizada. A Covid-19 expôs essa realidade.

Já antes da crise da Covid-19, quase a metade da população da Namíbia, de aproximadamente 2.6 milhões de pessoas, vivia na miséria e no desemprego. Enquanto isso, a violência de gênero, abusos a mulheres e crianças, e corrupção generalizada prosperam nos postos do governo através de uma poderosa elite. No ano passado, a Namíbia foi atingida por um escândalo que abalou nosso litoral, quando ex-ministros e seus comparsas roubaram bilhões da FishCor, empresa estatal de pesca industrial.

A Covid-19 aleijou nossa já sofrida economia e tem custado milhares de empregos, fazendo aumentar uma já elevada taxa de desemprego. Noticiou-se recentemente que cerca de 200 mil crianças sofrem de subnutrição na Namíbia. O acesso a postos de saúde e a medicamentos continua a ser um pesadelo. A violência policial ceifou muitas vidas antes da Covid, e mais uma durante a pandemia. Ainda assim, a incapacidade da polícia de tratar civis com dignidade viola os direitos que teria obrigação de proteger. Muitas pessoas têm se queixado de agressões verbais e físicas, porém a polícia se recusa a responsabilizar os culpados dentro de sua corporação. Em vez disso, agentes policiais são protegidos, sob justificativa do estado de emergência. O sistema educacional está falido. O ensino online não é acessível infelizmente para uma grande parte da população, já que a maioria não tem condições para arcar com despesas de internet - muito menos de eletricidade ou ambiente propício ao aprendizado.

Durante a primeira fase do lockdown, milhares, senão milhões, de pessoas ficaram confinadas em suas casas, incapacitadas de prover por si mesmas e suas famílias. Apesar de terem sido doados dinheiro e alimentos, alegações de roubo e discriminação na distribuição de ajuda estão na ordem do dia. Os devidos cuidados e planejamento não foram providenciados para a maioria dos que vivem em assentamentos informais, apesar de um pacote de estímulos de N$ 8.1 bilhões proclamado pelo governo. O próprio governo tem se esquivado de perguntas críticas sobre como irá estimular a economia e vem falhando à medida que muitos ainda não receberam ajuda em seus respectivos distritos. A falta de planejamento e organização da parte do governo em alimentar seu povo constitui um tremendo fracasso.

O movimento dos sem-terra (LPM) pretende restaurar a dignidade do povo namibiano ao mobilizar as massas para defender seus direitos e combater a corrupção, assim como gerar melhores condições de vida. Havendo eleito quatro deputados no ano passado, estamos empregando os recursos à nossa disposição em prol dos mais vulneráveis em nossa sociedade.

No dia 16 de abril, o LPM publicou o documento “Para além da Covid-19”, detalhando soluções econômicas, sociais e políticas para a Namíbia, com políticas para ajudar a maioria dos namibianos no período pós-Covid-19. O LPM luta para penetrar as mentes doutrinadas dos oprimidos e promover a democracia, o Estado de direito e o poder popular para combater os males da corrupção e de captura do Estado.

Todos os órgãos do governo foram cooptados, o que torna extremamente difícil que funcionários de alto escalão enxerguem a justiça. Teremos nossas eleições regionais e locais em novembro, mas, por causa do estado de emergência e as restrições do confinamento, não podemos promover campanha ou reuniões de massa para discutirmos nossos planos e objetivos.

No entanto, iremos nos esforçar para construir poder por meio dessas eleições para que possamos cumprir as obrigações de nosso manifesto para com a massa: providenciar acesso à terra, reformar a agricultura para que possamos produzir nossos próprios alimentos e restaurar a justiça social.

Available in
EnglishSpanishPortuguese (Brazil)Portuguese (Portugal)FrenchGermanRussian
Author
Sade Shireen Gawanas
Translator
Bruno Reiser
Date
01.06.2020
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