Todos nós assistimos às conseqüências devastadoras das mudanças climáticas. Contudo, a Amazon continua fazendo negócios como se nada estivesse acontecendo. O custo impagável das mudanças climáticas atinge níveis irreversíveis, e já é hora para fazer a Amazon pagar / Make Amazon Pay.
A Amazon contribui imensamente para a crise climática com as emissões que provoca com o transporte de produtos de e para os armazéns e para os compradores e pontos de coleta, além da energia que consome nos escritórios, centros de dados e armazéns. Os seus processos irresponsáveis de embalagem, com as caixas e outros itens de embalagem, também contribuem para isso.
Na Índia, a Amazon há pouco tempo começou a fazer a entrega de frutas e vegetais do campo aos domicílios. Esta prática comercial ameaça diretamente a subsistência de milhões de vendedores ambulantes, popularmente chamados de ‘camelôs’.
Os camelôs são a espinha dorsal dos sistemas tradicionais de abastecimento no país. Eles são uma multidão. Segundo diversas estimativas, na Índia há entre 20 e 40 milhões de vendedores ambulantes.
Por um lado, eles garantem mercados para os pequenos agricultores e as pequenas manufaturas. Por outro, ajudam os pobres urbanos a sobreviver nas cidades.
É de se notar que 86,2 por cento dos agricultores indianos são pequenos agricultores. Segundo o Relatório Anual do Departamento das Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPME) de 2018-19, na Índia elas chegam a 63,4 milhões. Deste total, 99,5 por cento se enquadram na categoria de microempresas e empregam mais de 110 milhões de pessoas.
Também se estima que aproximadamente 95 por cento da força de trabalho esteja no setor informal, não organizado. Destes, 64 por cento são autônomos.
A substituição dos sistemas tradicionais de abastecimento - baseados nos vendedores ambulantes e nas pequenas empresas - pela distribuição corporativa no estilo da Amazon aprofundará ainda mais a crise climática e empurrará milhões de pessoas de volta à pobreza.
Os vendedores ambulantes, os pequenos agricultores e as pequenas manufaturas quase não deixam pegada de carbono. Os primeiros geralmente vendem produtos locais, sazonais e naturais. Em contraste, a Amazon vende itens de origem mundial, preservados e super processados com sistemas de embalagem que implicam grande desperdício.
De acordo com a Amazon, suas vendas líquidas aumentaram 22% em 2019 (excluindo as oscilações nas taxas de câmbio), e a sua pegada total de carbono aumentou em 15% no mesmo período. A métrica da sua intensidade de carbono em 2019 foi de 122,8 gramas de CO2e por venda de mercadorias brutas (GMS).
A pandemia da Covid-19 representa uma crise para quase todos nós, mas isso não se aplica à Amazon. As vendas da empresa superaram o nível pré-pandemia. Parece que ela se beneficiou imensamente com a crise.
Os ambulantes relatam uma queda no número de clientes e declínio nas vendas, e muitos atribuem isso à Amazon. Durante o lockdown, a maioria dos vendedores ambulantes não teve autorização para buscar o seu sustento, e muitos clientes passaram a comprar on-line e se acostumaram com plataformas como a Amazon.
Isto significa uma perda permanente para os vendedores ambulantes pobres. Precisamos entender que o serviço de varejo baseado nos camelôs e pequenos comércios são uma solução para a crise climática, e que o modelo da Amazon está no cerne dos nossos problemas econômicos, sociais e climáticos.
O Comitê de Ação Conjunta dos Vendedores Ambulantes, uma plataforma conjunta de associações e coletivos de ambulantes indianos, exige justiça climática já. A Amazon deve pagar para descarbonizar a economia do varejo e tomar medidas para proteger e promover os varejistas tradicionais no nosso país e no mundo.