Os direitos democráticos dos cidadãos da Índia estão sendo destruídos.

O mandato de quase 10 anos do governo nacionalista hindu do país—liderado pelo primeiro-ministro Narendra Modi—assistiu a uma escalada da violência e dos conflitos contra os muçulmanos, que constituem a sua maior minoria, e a um enfraquecimento constante das instituições democráticas que poderiam constituir um obstáculo a tais ataques.

O mais recente símbolo desses ataques é de uma escavadeira.

No mês passado, uma frota de escavadeiras invadiu casas e lojas de residentes muçulmanos insuspeitos na Índia—demolindo edifícios sem qualquer aviso oficial ou ordem legal—naquilo que os tribunais chamam agora de “um exercício de limpeza étnica”. O Genocide Watch (Observatório de Genocídios, em tradução livre) adverte que a islamofobia “tornou-se uma ideologia fabricada pelo Estado”.

Agentes eleitos entregaram-se a uma retórica islamofóbica violenta: o Ministro-Chefe do estado mais populoso da Índia, Yogi Adityanath, que é amplamente considerado o sucessor de Modi, falou sobre “alimentar de balas” os desordeiros muçulmanos.

As instituições democráticas concebidas para desafiar estas ações também estão sendo demolidas. Os órgãos de comunicação social e os grupos da sociedade civil têm sido alvo do que se convencionou chamar de lawfare; a Índia ocupou a 161ª posição entre 180 países no Índice Mundial de Liberdade de Imprensa este ano. Ativistas da sociedade civil definham na prisão sem julgamento; a “Lei de (Prevenção de) Atividades Ilícitas”, destinada a conter o terrorismo, é usada rotineiramente para prender dissidentes.

Esta semana, lideranças políticas de todo o mundo—incluindo Cornel West, Clarissa Mendoza, Jeremy Corbyn, Zarah Sultana, Vijay Prashad, Walden Bello e Yanis Varoufakis—reuniram-se numa carta organizada pela Internacional Progressista para expressar grande preocupação com este regime descarado de escavação e com a demolição da democracia na Índia.

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Austrália busca libertar Assange

63 políticos australianos eleitos federalmente apelaram aos EUA para retirarem as acusações contra o editor do Wikileaks, o cidadão australiano Julian Assange. Numa carta enviada à administração Biden, os políticos alertaram para um “clamor forte e sustentado” da Austrália caso Assange fosse extraditado do Reino Unido para os Estados Unidos, país onde está detido há mais de quatro anos.

Allende Vive

No último sábado, a Internacional Progressista realizou um evento no Chile para celebrar o aniversário de 50 anos do golpe contra o governo de Salvador Allende. Você pode assistir novamente aos procedimentos, incluindo os discursos de Gerardo Torres Zelaya, Evgeny Morozov, Clara López e Bhaskar Sunkara aqui.

Pare a destruição dos Sindicatos da Amazon

Em todos os lugares onde opera, a Amazon tenta acabar com os sindicatos e retaliar os trabalhadores que se organizam. Na Alemanha, a Amazon despediu recentemente Rainer Reising, membro do conselho de trabalhadores em Achim e uma das figuras fundadoras da Amazon Workers International (Internacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Amazon). O crime de Rainer? Uma reunião com representantes políticos, incluindo o Ministro do Trabalho alemão, Hubertus Heil, para relatar os abusos da Amazon. No dia 19 de Setembro, trabalhadores e ativistas se colocarão em solidariedade com Rainer numa manisfestação em Vreden, onde um tribunal do trabalho decidirá se o despedimento de Rainer foi ilegal. Você pode compartilhar o anúncio aqui.

Arte: Mulheres protestam contra a (Emenda à) Lei de Cidadania, 2019, em Calcutá, na Índia. Foto por Ritam Chakraborty.