Israel não conseguiria conduzir seu genocídio contra o povo palestino sozinho. Sem o apoio diplomático liderado pelos EUA para impedir sua impunidade à lei internacional, sem os voos de vigilância britânicos, sem o financiamento e armamento dos EUA e remessas globais de energia, a máquina de guerra de Israel pararia. É por isso que os esforços para interromper o fluxo de armas e combustível são tão vitais—e por que eles são tão fortemente reprimidos. Essa interrupção e repressão (do fornecimento) podem assumir várias formas.
No Reino Unido, o grupo de ação direta, o Palestine Action, tem como alvo a maior empresa de armas de Israel, a Elbit Systems, bem como seus lobistas, banqueiros, contadores e fornecedores. O grupo vem causando impactos diretos na fabricação, na interrupção da cadeia de suprimentos, e na pressão que forçou o Barclays Bank a se desfazer da empresa—e muito mais. Em resposta, o estado britânico prendeu dezenas de ativistas e os arrastou pelos tribunais, muitos sob o chancela do Terrorism Act (Lei Anti-Terror).
Na Espanha, a Internacional Progressista e o Movimento da Juventude Palestina produziram evidências explosivas revelando toneladas de carga militar israelense transitando por portos espanhóis em navios da Maersk—apesar da suspensão anunciada pelo governo espanhol. As descobertas foram cobertas em detalhes na imprensa espanhola e norte-americana e levaram a uma imensa pressão sobre o governo espanhol de grupos da sociedade civil, como o RESCOP, e de toda a esquerda política espanhola.
O governo espanhol anunciou então, por meio de uma reportagem no El Pais, que impediria que dois contêineres de transporte da Maersk—o Maersk Denver e o Maersk Seletar—provavelmente contendo armas para Israel, atracassem conforme planejado no porto de Algeciras.
Agora a Espanha enfrenta um confronto não apenas com a gigante de transporte marítimo Maersk, mas também com o estado estadunidense. Na semana passada, a Comissão Marítima Federal dos EUA anunciou que havia aberto uma investigação sobre a negação espanhola de entrada no porto para embarcações que transportam armas dos EUA para Israel. Se a investigação atestar que a Espanha realmente impediu esses navios de atracar nos portos locais, ela multará as autoridades espanholas em milhões de dólares.
Todos os olhos agora se voltarão para o governo espanhol para ver se ele resiste à pressão dos EUA e transforma sua negação ad hoc de navios de armas de usar seus portos em uma política sistemática de inspeções e exclusões. Esses esforços para jogar areia nas rodas da máquina de guerra EUA-Israel se estendem muito além da Espanha.
Em outubro, trabalhadorxs do Porto de Pireu, em Atenas (Grécia), bloquearam com sucesso um carregamento de munição com destino a Israel no navio Marla Bull, de propriedade da empresa israelense ZIM Integrated Shipping Services. Em novembro, estivadorxs no Marrocos, no porto de Tânger, se recusaram a carregar o Nysted Maersk depois que o navio foi descoberto tendo recebido pelo menos 46 carregamentos militares dos EUA para Israel durante o genocídio em Gaza, seguindo uma investigação da Internacional Progressista e do Movimento da Juventude Palestina.
Duas semanas atrás, uma nova investigação da campanha Stop Fueling Genocide ('Parem de Abastecer o Genocídio', em tradução livre), apoiada pela Internacional Progressista, revelou que a Turquia ainda exporta petróleo para Israel, apesar de seu próprio embargo. O estudo, que foi coberto pelo Middle East Eye e em grande profundidade pelo veículo de mídia turca Duvar, descobriu que o petróleo bruto azeri foi enviado diretamente do Porto de Ceyhan, localizado na província de Adana, no sul da Turquia, para Ashkelon, Israel. Desde a revelação, manifestantes vêm seguindo o presidente turco Recep Tayyip Erdoğan, exigindo que a Turquia institua o bloqueio econômico a Israel que ele mesmo anunciou. Nove manifestantes do Filistin İçin Bin Genç, um movimento jovem por uma Palestina Livre com sede na própria Turquia, foram presos na segunda-feira, 2 de dezembro, pelo governo turco e enfrentam acusações de insultos ao presidente.
As investigações também foram usadas por um membro do Parlamento turco, Ömer Faruk Gergerlioğlu, esta semana para desafiar Alparslan Bayraktar, Ministro de Energia e Recursos Naturais, sobre o apoio material de seu governo a Israel, apesar da oposição oficial ao genocídio.
Do outro lado do Mediterrâneo, as armas e o combustível que alimentam o ataque genocida de Israel aos palestinos, bem como seu bombardeio do Líbano e da Síria, estão sendo desafiados por trabalhadores, trabalhadoras, ativistas e lideranças políticas.
Não deve haver nenhum porto para o genocídio.
Temos o prazer de anunciar que o Calendário Internacionalista de 2025 da Internacional Progressista já está no ar.
Os anais da história estão repletos das vidas de reis e rainhas, senhores e senhoras, colonos e colonizadores. Suas estátuas figuram em praças e parques. Suas biografias dominam estantes de livros. Seus legados assombram museus. Mas a história não pertence à classe dominante. Ela pertence aos trabalhadores e aos povos, às lutas e aos movimentos de massa.
A cada ano, trabalhamos para escavar a história dessas lutas em nossas mídias sociais—e, a cada ano, a levamos para suas casas com nosso Calendário Internacionalista, que agora está disponível para compra e como um download gratuito em PDF.
34 congressistas dos EUA—incluindo Bernie Sanders, Rashida Tlaib e Ilhan Omar—escreveram ao presidente Joe Biden esta semana exigindo um perdão presidencial para Steven Donziger, o primeiro prisioneiro político corporativo dos Estados Unidos.
Donziger foi alvo da Chevron com o primeiro processo corporativo do país depois de ajudar os povos indígenas da Amazônia e comunidades de agricultores e agricultoras no Equador a ganhar um julgamento histórico de poluição de US$ 9,5 bilhões (R$ 58 bilhões aproximadamente) contra a gigante do petróleo. Ele então passou quase três anos em prisão domiciliar e atrás das grades após ser detido pela Chevron no primeiro processo corporativo do país com base em uma acusação questionável de "desacato ao tribunal". A Chevron também tirou sua licença de advogada e confiscou seu passaporte.
Após a queda de Bashar Al-Assad, o Gabinete da Internacional Progressista divulgou um pronunciamento enfatizando a “soberania, dignidade e autodeterminação” para o povo sírio. A declaração alertou sobre o risco de uma “dinâmica centrífuga—com consequências desastrosas para seus povos” à medida que a Turquia, Israel e outras forças expandem seu alcance para o território sírio.
Você pode ler a declaração completa aqui.
*Arte da Semana: Say Free Palestine é um poema de Sara M. Saleh, em homenagem a Sean Bonney, um poeta inglês dedicado aos movimentos radicais de esquerda e conhecido por seu poema intitulado ACAB: A Nursery Rhyme, cujo primeiro verso é: "for ‘I love you’ say fuck the police". Sara abre seu poema com as palavras: "for ‘I love you’, say Free Palestine.", como uma tentativa de apoio ao movimento de libertação da Palestina. Esse verso foi, então, traduzido para o árabe e colocado dentro de uma obra de arte de Mothanna Hussein. Sara M. Saleh é uma escritora premiada, advogada de direitos humanos e organizadora de justiça racial. Ela é filha de migrantes da Palestina, Egito e Líbano.*
Mothanna Hussein é uma artista radicada na Jordânia e cofundadora do Free Palestine Project.
Esta obra de arte faz parte de uma série de obras de arte de edição limitada sobre resistência criativa indígena, com curadoria de Ché Zara Blomfield.
Os lucros da venda desta obra de arte vão para a lnternacional Progressista. Veja todas as edições clicando aqui.