Milhões de pessoas em todo o mundo são rastreadas, monitoradas e vigiadas por agentes estatais. Mas poucos conhecem um dos principais arquitetos do sistema: a Accenture.
Conhecida como a maior empresa de consultoria do mundo, a Accenture faz fortuna desenvolvendo o aparato de controle estatal. A Accenture é especializada em bancos de dados biométricos avançados e policiamento preditivo, adotados por governos da Índia a Israel, dos Estados Unidos ao Reino Unido.
Como um todo, as operações globais da Accenture colocam a liberdade de todos em risco.
Esta semana, a Internacional Progressista, a Expose Accenture e a Movement Research Unit divulgaram os Accenture Files (Arquivos Accenture), revelando o papel central da maior consultoria do mundo na guinada global à direita em direção à vigilância, à exclusão e aos homens fortes: a Internacional Reacionária.
Com base em extenso trabalho de campo, entrevistas e uma revisão abrangente de documentos internos, nossa investigação demonstra como a Accenture se incorporou silenciosamente ao aparato de segurança de Estados ao redor do mundo, implantando sua vasta rede de recursos, riqueza e tecnologia para vigiar populações inteiras, abastecer o complexo militar-industrial e canalizar imensa riqueza pública para mãos privadas.
Nossa pesquisa—abrangendo mais de 40 estudos de caso de contratos na América do Norte, Europa, África e Ásia — revela que a Accenture uniu forças com algumas das gigantes tecnológicas de vigilância mais notórias do mundo para promover uma agenda de extração, exploração e opressão. Descobrimos, por exemplo, que a empresa uniu forças com a Palantir, de Peter Thiel, para garantir que sua influência se estenda até o centro do governo. No Reino Unido, essa parceria já garantiu às empresas um contrato no valor de quase £500 milhões (R$ 3.8 bilhões de reais aproximadamente) com o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, acelerando a privatização da instituição por algumas das maiores multinacionais do mundo.
No entanto, tais contratos são apenas um exemplo de como a Accenture tem o poder de moldar o mundo ao nosso redor. De bancos de dados biométricos que catalogam bilhões de pessoas aos algoritmos de policiamento preditivo que identificam indivíduos antes que eles cometam qualquer crime, nossa pesquisa identifica a Accenture como central para a operação das forças reacionárias do mundo.
No entanto, nossa investigação revelou rachaduras gritantes nas operações da Accenture; rachaduras há muito ocultas por uma fina camada de legitimidade corporativa. Conectando os pontos na atividade global da empresa, encontramos um catálogo de escândalos e fracassos. Nossas investigações se debruçaram sobre a miríade de contratos lucrativos que a Accenture conquistou de governos ao redor do mundo e revela um padrão consistente de fraude em licitações, corrupção e negligência. Nunca antes esses laços com os Estados do mundo foram reunidos dessa maneira.
Operando nas sombras, a Accenture escapou da responsabilização e do escrutínio público por tempo demais. Esta semana, iniciamos o processo de trazer à tona suas atividades nefastas e relações nebulosas.
Além das revelações, os Arquivos Accenture oferecem um convite a denunciantes, jornalistas e formuladorxs de políticas públicas para desvelar um dos componentes menos examinados da Internacional Reacionária.
Explore os arquivos e se prepare para tomar ações concretas aqui
Em junho, Haia sediará a Cúpula da OTAN de 2025, com seus membros preparando compromissos para aumentar os gastos com defesa, "ReArmar" o velho continente e expandir a influência global da OTAN. O Secretário-Geral da OTAN, Mark Rutte, prometeu fazer da Cúpula de Haia "um verdadeiro sucesso", prometendo ao presidente dos EUA, Donald Trump, que ela "projetará o poder americano no cenário mundial". Trump e seus aliados da OTAN já deixaram claro o que esperam fazer com esse poder: buscar o domínio da "civilização ocidental" em todo o planeta e enriquecer-se ao longo do caminho.
Assim, enquanto eles se preparam para a guerra, nós devemos nos preparar para a paz. A rápida ascensão do militarismo no Atlântico nos convoca a construir um movimento global em torno de uma visão comum de diálogo, diplomacia e igualdade soberana entre as nações. É por isso que nos dias 23 e 24 de junho de 2025, exatamente cinquenta anos após a assinatura dos Acordos de Helsinque, a Internacional Progressista e uma ampla coalizão de organizações de apoio reunirão povos de todo o mundo em Bruxelas para o Fórum Internacional pela Paz.
Em 15 de maio nós rememoramos o Nakba, um termo árabe que significa a 'catástrofe' de 1948 que viu milícias sionistas limpar etnicamente dois terços da população palestina—a fundação do Estado de Israel. Esse Nakba nunca acabou—ele acelerou. Da violência colonial desencadeada da Cisjordânia ao genocídio em Gaza lançado em outubro de 2023, o povo da Palestina tem resistido uma brutalidade sem fim levada a cabo pelas mãos do regime colonial que considera aquela população como "animais humanos". De acordo com a UNRWA, palestinos e palestinas em Gaza têm acesso a somente uma refeição a cada 2 ou 3 dias, tais são as profundezas do genocídio quando esse nega o acesso aos meios de vida.
No aniversário do Nakba, nós nos colocamos ao lado de todos aqueles que através de décadas de violência e expropriação tem tomado o caminho da resistência, sempre revelando a fragilidade dos seus opressores.
Um novo relatório do Strategic Organizing Center, publicado esta semana, expõe as falhas da Amazon em manter seus funcionários e funcionárias seguras.
Apesar de a Amazon ter afirmado há quatro anos que se tornaria "o lugar mais seguro para se trabalhar no planeta", a taxa de acidentes graves nos armazéns da Amazon ainda é o dobro da média do setor, e 4 em cada 10 funcionárixs da Amazon nos EUA trabalham em instalações onde a taxa de acidentes aumentou de 2023 para 2024.
Felix Gonzalez-Torres, “Forbidden Colors”, 1988, foi criado durante a vigência da lei israelense, em vigor de 1967 a 1993, que proibia obras de arte de 'significado político', incluindo a proibição das cores da bandeira palestina: vermelho, verde, branco e preto. Ao separar a obra, Gonzalez-Torres empregou uma resistência criativa à censura, que resultou em múltiplas prisões. A lei foi restabelecida em 8 de janeiro de 2023.
Gonzalez-Torres (1957–1996) foi uma figura-chave no movimento de arte conceitual dos anos 80 e 90, conhecido por usar materiais minimalistas e cotidianos, incluindo relógios de parede, pilhas de papel e doces embrulhados, muitos dos quais convidavam à interação do público. Como artista assumidamente gay, ele abordou temas de sexualidade e estigma.
“Forbidden Colors” poderia se relacionar com o romance japonês homônimo de 1951, de Yukio Mishima, que explorava a natureza secreta do amor entre pessoas do mesmo sexo. Por meio de uma prática diversificada, Gonzalez-Torres também encontrou maneiras de chamar a atenção para diversos tópicos políticos, desde gastos militares e o encarceramento até taxas de pobreza e a desigualdade de riqueza.
Imagem: Instalada em Felix Gonzalez-Torres: This Place. Metropolitan Arts Centre, Belfast, Northern Ireland, United Kingdom. 30 Oct. 2015 – 24 Jan. 2016. Cur. Eoin Dara. © Propriedade Felix Gonzalez-Torres. Cortesia da Felix Gonzalez-Torres Foundation