Newsletter da Internacional Progressista | No. 4 | A guinada da Índia rumo ao fascismo

A supremacia hindu de Narendra Modi.
Na 4ª Newsletter da Internacional Progressista de 2024, nós trazemos notícias da aterrorizante guinada fundamentalista da Índia frente às eleições deste ano. Quer receber a nossa Newsletter diretamente no seu email? Inscreva-se através do formulário no final desta página.
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Hoje, 26 de Janeiro, a Índia celebra o 'Dia da República', o dia em que o país adotou sua constituição como um país independente após 200 anos de colonialismo britânico—como uma “República Soberana, Socialista, Democrática Secular, comprometida com a Justiça, a Igualdade e a Liberdade para o pessoas."

Em nítido contraste, no início desta semana, o atual governo, liderado por Narendra Modi, tomou uma medida decisiva para derrubar a constituição secular da Índia em nome de uma nova nação de supremacia hindu.

Na segunda-feira, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, deu início a sua campanha de reeleição com a inauguração de um novo templo hindu multimilionário sobre as ruínas de uma mesquita destruída por um grupo de fundamentalistas.

Cerca de trinta anos atrás, em 6 de Dezembro de 1992, o Partido Bharatiya Janata (PBJ) de Modi liderou uma multidão violenta para demolir a Mesquita até reduzi-la a escombros—alegando que era o antigo local de um templo hindu para Lord Ram ou o “Ram Mandir”. Nos sangrentos tumultos comunitários que se seguiram, mais de 2.000 pessoas foram mortas.

Uma investigação minuciosa liderada pelo juiz Manmohan Singh Liberhan descobriu que 68 pessoas foram responsáveis pela demolição da mesquita—a maioria líderes do BPJ, incluindo figuras importantes e membros do Parlamento, como AB Vajpayee  (que se tornou primeiro-ministro em 1996), LK Advani e Vijaya Raje Scindia. Nenhum deles enfrentou repercussões legais até os dias de hoje.

Desde então, o governo do BPJ abraçou “Ram Mandir” como um grito de guerra para o seu projeto de construção nacional. “Ram é a fé da Índia, Ram é a base da Índia. Ram é a ideia da Índia, Ram é a lei da Índia”, disse Modi em seu discurso à nação na segunda-feira.

Como primeiro-ministro, Modi tem impulsionado esse nacionalismo hindu como a força política dominante na Índia: proibindo o hijab nas escolas, introduzindo leis “anti-conversão”, abusando das forças municipais para demolir casas e lojas muçulmanas nas cidades, e pressionando por um “código civil uniforme” nas leis do país.

Agora, desafiando abertamente a constituição secular da Índia, Modi funde o cargo de “Primeiro Ministro” com o “Sacerdote Chefe” para conduzir a consagração deste templo controverso.

A “celebração” não se limitou à cidade de Ayodhya. Um feriado foi anunciado em vários estados, instruindo repartições governamentais, escolas e mercados a permanecerem fechados para transmissão pública.

“A islamofobia não é mais um sentimento marginal na Índia. Ele se tornou uma ideologia produzida pelo Estado”, dizia o aviso emitido pelo Genocide Watch em 2023. O mandato de 10 anos do governo nacionalista hindu do país assistiu a uma escalada da violência e do conflito contra muçulmanos e mulçumanas, que constituem a sua maior minoria—e um constante enfraquecimento das instituições democráticas que poderiam se colocar no caminho de tal escalada violenta.

Faremos reportagens locais de toda a Índia, organizaremos notas e relatórios, e manteremos vocês atualizados sobre os desenvolvimentos antes, durante e depois das eleições gerais de abril.

O povo da Índia tem lutado durante décadas para garantir uma democracia que seja secular, justa e igualitária. Modi não pode ter permissão para roubá-la agora.

Últimas do Movimento

Greve geral na Argentina

Na quarta-feira, trabalhadores e trabalhadoras na Argentina entraram em greve geral para defender os seus direitos e padrões de vida, sob ataque frontal total do presidente capitalista e fundamentalista, Javier Milei. No mês passado, Milei emitiu o Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) nº 70/2023–um abuso sem precedentes dos poderes presidenciais para privar a classe trabalhadora argentina dos seus direitos fundamentais em nome do “anarcocapitalismo”.

Trabalhadores e sindicatos da Argentina não estão aceitando este ataque repressivo de braços cruzados. Trabalhadores, trabalhadoras e as bandeiras sindicais inundaram as ruas do país enquanto fábricas, lojas e escolas eram fechadas e os voos cancelados. Membro da Internacional Progressista (IP), a federação sindical CTA-T esteve no centro da campanha e, juntamente com a IP, fez um chamado à solidariedade do movimento operário em todo o mundo.

Sindicatos que representam milhões de trabalhadores e trabalhadoras em todo o mundo ouviram o chamado e se solidarizaram com a sua contra-parte argentina, incluindo o membro da Internacional Progressista e a maior federação sindical do Brasil, a CUT, o também membro da IP e movimento popular indiano MKSS, o maior sindicato da Espanha CCOO, a federação global de sindicatos de transportes ITF e seis sindicatos britânicos: RMT, FBU, TSSA, ASLEF, UCU e BFAWU.

G77 comemora 60 anos

Esta semana, em Kampala, a Internacional Progressista celebrou os 60 anos do nascimento do Grupo das 77 Nações—um órgão que abrange hoje todos os 134 membros do Sul Global. Na Cúpula do Grupo na capital do Uganda, uma delegação da Internacional Progressista discutiu a trajetória do desenvolvimento soberano no século XXI e como os governos do Sul Global podem combinar forças para exercer uma ação coletiva sobre recursos naturais, suas dívidas, tecnologia, comércio e mudança climática. Nos últimos dois anos, a IP colaborou com o G77 para desenvolver um plano de ação para concretizar uma Nova Ordem Econômica Internacional. Este trabalho continua em 2024, na África e além dela.

Progressistas do Quênia conclamam: tirem as mãos do Haiti

A Internacional Progressista desembarcou esta semana no Quênia com uma pequena delegação para se reunir com forças populares e partidos políticos a fim de ajudar a forjar uma nova frente internacional contra a chamada missão de segurança no Haiti. 

Em Nairobi, a Internacional Progressista foi recebida pela Mathare Social Justice Center (membro da IP) e participou de uma reunião pública, juntamente com membros do Partido Comunista do Quênia e do Movimento Democrático Laranja, contra o envio de forças de segurança do Quênia para o Haiti em nome dos Estados Unidos. 

Arte da Semana: Kaun Mara? (Quem morreu?, em tradução livre) foi pintado na rua durante um protesto poucos dias após a demolição do Babri Masjid pelo artista Manjit Bawa (1941–2008), que capturou a cena sombria e sangrenta.

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Date
26.01.2024
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