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Newsletter da Internacional Progressista | No. 6 | Não era 1,5ºC para permanecermos vivos?

Temperaturas globais aumentam mais do que 1,5ºC pela primeira vez na história. Qual o caminho daqui pra frente?
Na 6ª Newsletter da Internacional Progressista de 2024, além de outras notícias do mundo, nós abordamos o fato de que a temperatura média dos últimos 12 meses ficou 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais. Quer receber a nossa Newsletter diretamente no seu email? Inscreva-se através do formulário no final desta página.

A história humana está se acelerando. Os eventos sísmicos que marcam um antes e um depois no sistema mundial estão acontecendo com uma regularidade sem precedentes. A pandemia de Covid-19, a guerra na Ucrânia e o genocídio em Gaza, tudo nos últimos anos. Em grande parte do mundo, a política tornou-se mais volátil, por vezes mais violenta—e os padrões de vida da maioria desabando. Sabemos que vivemos numa época de fluxo histórico.

Mas o tempo geológico, a história profunda do nosso planeta, também está acelerando—e de forma alarmante. Durante cerca dos últimos 12.000 anos—praticamente toda a história humana conhecida—vivemos na era geológica do Holoceno. Esse período proporcionou um clima excepcionalmente estável no qual a sociedade humana se expandiu dramaticamente. Ele nos deu os nossos pressupostos sobre a natureza: o padrão das estações, a migração dos animais e a temperatura. Mas essa era acabou e estamos avançando a passos largos para outra coisa.

Sabemos disso há 16 anos. Em 2008, a Augusta Comissão de Estratigrafia da Sociedade Geológica de Londres publicou um relatório apresentando provas de que o Holoceno tinha terminado e que estávamos agora numa era “sem precedentes” , mesmo considerando outras eras de muitos milhões de anos anteriores à nossa.

Um dos principais fatores que provocaram estas grandes mudanças, literalmente épicas, é a concentração de dióxido de carbono na atmosfera, levando a temperaturas mais quentes do ar e da água. Durante quase todo o Holoceno, a concentração foi de cerca de 260-280 partes por milhão. Esse é o nível pré-industrial. Em 2008, já eram 385. A previsão para 2024 é de 424—e parece que ainda vamos ladeira acima.

A história geológica está avançando a um ritmo sem precedentes. A história humana está no topo da história planetária subjacente. A humanidade faz a sua própria história, mas não em circunstâncias que ela própria escolha.

Ontem atingimos um novo marco nestas circunstâncias. O Serviço de Alterações Climáticas Copernicus da União Europeia informou que os 12 meses anteriores estiveram mais de 1,5 graus centígrados acima dos níveis pré-industriais.

Há apenas nove anos, os governos mundiais concordaram em Paris que limitariam o aquecimento global a menos de 1,5 graus. “1,5 para permanecermos vivos” era o mantra. Eles falharam em tempo recorde.

A ciência mais recente sugere que a 1,5 graus de aquecimento os principais pontos de críticos tornam-se “prováveis”—limiares que desencadeiam mudanças grandes, aceleradas e provavelmente irreversíveis, como o derretimento da camada de gelo da Gronelândia. O nosso clima, a natureza, o ambiente—como quer que os chamemos—irão mudar muito e perturbar as colheitas, as cadeias de abastecimento, os sistemas políticos e as nossas suposições sobre o mundo.

Mas, contrariando o slogan falido do processo fracassado da COP para os líderes mundiais, permaneceremos vivos. A humanidade continuará a existir neste planeta menos estável, menos compreendido e em rápida mudança que chamamos de lar.

O fim não está próximo, ele já aconteceu. Saímos de uma época e uma nova está sendo estabelecida. Uma mudança dramática está a caminho: as pessoas, a agricultura e as cidades vão se transformar. Mas uma verdade importante irá ressoar: o sistema de governo que coloca a riqueza e o poder de um pequeno número de pessoas à frente não só do conforto material e da dignidade da grande maioria, mas também dos próprios sistemas planetários em que todos confiamos, não pode continuar. Esse sistema deve ser derrubado e substituído.

A humanidade está numa estrada esburacada—e mais buracos virão—mas, por mais perigosa e assustadora que essa estrada se torne, só poderemos percorrê-la—e até, quem sabe, aproveitar a viagem—se as forças populares e democráticas assumirem à força a direção do veículo.

Não é “1,5ºC para permanecermos vivos”. Nunca foi. O povo deve erguer-se, em conjunto, para estar verdadeiramente vivo.

Últimas do Movimento

A decisão do Paquistão

Ontem, paquistaneses e paquistanesas foram às urnas para votar nas eleições gerais. A votação foi dificultada pela suspensão dos serviços de telefonia móvel e pela morte de pelo menos nove pessoas em ataques de grupos armados

Estas são as primeiras eleições desde que o primeiro-ministro Imran Khan, que agora está preso e impedido de concorrer às eleições, foi destituído do poder em 2022 e muito depois do prazo constitucionalmente estabelecido para a realização de eleições após a dissolução da Assembleia Nacional.

A convite das forças progressistas do país, a Internacional Progressista esteve no país para acompanhar o processo eleitoral. A nossa delegação visitou as operações do Partido Haqooq-e-Khalq (HKP), membro da Internacional Progressista, que vem chacoalhando a base material da política de clientelismo de longa data, onde os partidos compram votos à comunidade através de “corretores” pagos para agir e subornar em seus nomes. O HKP gere duas clínicas de saúde gratuitas, cinco escolas profissionais e vários centros públicos no círculo eleitoral da classe trabalhadora de Lahore que o partido tem tentado ganhar—instituições construídas ao longo do ano passado com a participação esmagadora da comunidade local da classe trabalhadora.

Informaremos mais sobre as eleições nos próximos dias, à medida que os resultados forem confirmados.

Parem com o lobby da Amazon

No dia 5 de Fevereiro, os eurodeputados da Comissão de Emprego do Parlamento Europeu enviaram uma carta oficial à Presidente Roberta Metsola, instando à retirada dos crachás de lobby pertencentes aos representantes da empresa (Amazon), impedindo-os efetivamente de entrar nos corredores do Parlamento.

Essa decisão vem depois das repetidas tentativas da Amazon de escapar ao escrutínio democrático. A empresa recusou o convite para participar de uma audiência, dizendo que “não era um bom dia para eles”. Em 2021, a Amazon já tinha se recusado a testemunhar numa audiência. Em dezembro do ano passado, a empresa também cancelou de uma hora pra outra uma visita de uma delegação do Parlamento Europeu aos seus armazéns na Alemanha e na Polônia.

A notícia chega no momento em que mais greves estão planejadas para a próxima semana no Reino Unido contra a Amazon por trabalhadores e trabalhadoras de armazéns.

Em defesa de Harsh Mander -  Dia 02 de fevereiro de 2024

O Gabinete Central de Investigação da Índia realizou buscas na residência do membro do Conselho da Internacional Progressista, Harsh Mander, e nos escritórios do Centro de Estudos de Equidade, um instituto de pesquisa fundado por ele. Numa declaração urgente, mais de 250 figuras políticas da Índia condenaram o ataque a Mander como uma “caça às bruxas vingativa”.

Mander, um antigo funcionário público e ativista dos direitos humanos, tem sido alvo de intimidação por parte de múltiplas agências de investigação do governo indiano, incluindo o Gabinete Central de Investigação, o Departamento de Imposto de Renda e a Direção de Execução (braço do Ministério das Finanças que visa combater crimes contra a economia da Índia). Apesar das repetidas ações policiais, uma acusação concreta ainda não foi apresentada nos tribunais.

Ao longo dos últimos anos, a Internacional Progressista emitiu repetidamente alertas sobre a guinada da Índia em direção ao “fascismo aberto”. Hoje, ativistas da sociedade civil definham na prisão sem julgamento e a “Lei de (Prevenção de) Atividades Ilícitas”, destinada a conter o terrorismo, é utilizada para deter rotineiramente dissidentes. Meios de comunicação social e grupos da sociedade civil têm sido sujeitos a ações de lawfare persistentes, sob o pretexto de violações do imposto de renda e acusações de sedição.

Estes ataques antidemocráticos deverão intensificar-se antes das eleições gerais que terão início em Abril de 2024. Há menos de duas semanas, o primeiro-ministro Narendra Modi lançou a sua campanha de reeleição com a inauguração de um novo templo hindu multimilionário em Ayodhya sobre as ruínas da mesquita Babri Masjid, local de um dos mais sombrios ataques anti-muçulmanos da história da Índia.

O trabalho de Harsh Mander está em oposição direta à agenda de Modi. Mander é o fundador e lidera uma campanha nacional chamada Karwan-e-Mohabbat ou 'Caravana do Amor' em solidariedade às vítimas dos pogroms na Índia, que documenta e expõe regularmente casos em que o governo no poder encoraja a violência baseada na religião—e tenta mobilizar os cidadãos para combater o discurso de ódio. O trabalho dele incorpora não apenas uma oposição firme ao nacionalismo hindu, mas um compromisso constante de defender os direitos das comunidades mais marginalizadas do país.

Protestos no Haití demandam a queda de Henry

Milhares de haitianos e haitianas saíram às ruas esta semana em manifestações massivas exigindo a renúncia do (inconstitucional) primeiro-ministro Ariel Henry. Henry foi convidado a assumir o poder pelos EUA e outros países do Ocidente após o assassinato do presidente Jovenel Moïse em julho de 2022.

De acordo com um acordo de dezembro de 2022, as eleições deveriam ter ocorrido e a transferência de poder deveria ter sido feita até 7 de fevereiro. Esse prazo já passou. A legislatura está vazia porque todos os mandatos dos senadores do país expiraram. As eleições previstas para 2019 e 2023 não ocorreram.

Em vez de respeitar o desejo do povo haitiano de uma transição democrática, Henry continua a pressionar por um destacamento apoiado pelos EUA e liderado por agentes da polícia queniana para combater os bandos que se multiplicaram no país.

Sindicatos da Colômbia protestam por liberdade

Na quinta-feira, 8 de fevereiro, os sindicatos e movimentos populares colombianos mobilizaram-se na capital Bogotá e em cidades de todo o país para defender o direito de associação e o governo popular do presidente Gustavo Petro.

Os protestos são uma resposta à “ruptura institucional” provocada pelo procurador-geral de direita, Francisco Barbosa, na sua última semana de mandato. Barbosa tentou destituir o presidente Petro criminalizando a participação política dos sindicatos. As forças populares reuniram-se para exigir que o Supremo Tribunal escolhesse um novo procurador-geral após muitas semanas de atrasos.

“Changing Forest 5 (2009)”. A obra vem de uma série que analisam as mudanças nas florestas, principalmente o desmatamento devido às mudanças climáticas, a introdução de novas espécies de flora e fauna e invasões de espécies de insetos.

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