Newsletter da Internacional Progressista | No. 10 | Honduras Resiste

Comemorando o Dia Internacional das Mulheres através da resistência hondurenha.
Na 10ª Newsletter da Internacional Progressista de 2024, além de outras notícias do mundo, nós trazemos até você notícias da resistência hondurenha—fiel à raiz socialista do Dia Internacional das Mulheres. Quer receber a nossa Newsletter diretamente no seu email? Inscreva-se através do formulário no final desta página.

Feliz Dia Internacional da Mulher. Apesar da tentativa de cooptação por parte das empresas, dos estados e das instituições internacionais que reprimem e oprimem as mulheres, o Dia Internacional da Mulher é um dia de resistência radical.

Sem o Partido Socialista da América, Rosa Luxemburgo e Clara Zetkin da Alemanha, Alexandra Kollontai da União Soviética, e a auto-organização de mulheres trabalhadoras do setor do vestuário, majoritariamente imigrantes, na cidade de Nova Iorque, o Dia Internacional da Mulher não teria nascido. As lutas pela igualdade e emancipação são constitutivas das lutas pelo socialismo, pela democracia e pela soberania popular.

Com esse espírito, trazemos-lhes notícias da resistência de Honduras. O país é liderado pela sua primeira mulher presidente, a autodenominada socialista democrática Xiomara Castro. Na semana passada, quando Honduras assumiu a presidência rotativa dos 33 membros da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), ela afirmou a democracia e a soberania hondurenha ao retirar-se do Centro Internacional para Resolução de Disputas sobre Investimentos (ICSID, sigla em inglês).

Tal medida não é uma mera questão técnica, mas uma questão com consequências de vida ou morte não apenas para o povo hondurenho, mas potencialmente para todo o Sul Global. O ICSID e os chamados “tribunais de arbitragem internacionais” são locais onde as empresas forçam a saída de dinheiro dos estados como compensação por políticas públicas que promovem o bem-estar de consumidores, de trabalhadores e trabalhadoras ou do ambiente. Só na América Latina, mais de 30 bilhões de dólares (aprox. 150 bilhões de reais) foram transferidos de países para empresas através destes tribunais. E não é apenas o elevado preço cobrado pelas empresas multinacionais que deve ser combatido, é o desincentivo paralisante e antidemocrático que elas exercem sobre os governos para que eles atuem não no interesse do seu povo, mas de acordo com o interesse das empresas estrangeiras.

Honduras está na mira de tal ataque. Após um golpe militar no país, o país contou com um governo de direita que impulsionou a criação de zonas econômicas especiais extremas que entregaram terras hondurenhas a empresas estrangeiras para funcionarem à margem da lei hondurenha.

Como você pode imaginar, isso provocou uma grande reação no país. A população mobilizou-se e protestou contra este ataque antidemocrático à sua soberania. Muitos grupos participaram, incluindo membros da Internacional Progressista, o partido político Libre e a organização feminista Luchemos. Essas organizações uniram-se em torno da candidatura de Xiomara Castro, que se comprometeu a desmantelar as zonas, conhecidas como ZEDEs. Em 2022, ela conquistou a presidência e em 2023 levou a cabo a abolição das ZEDEs através da Assembleia Nacional por unanimidade.

Os investidores nas ZEDEs não aceitaram descuidadamente uma expressão tão massiva e democrática da vontade popular. A Próspera Inc, empresa hondurenha com sede em Delaware, apoiada por Peter Thiel e outras figuras de Silicon Valley, correu para o ICSID, exigindo quase 11 bilhões de dólares em compensação. O PIB total das Honduras é inferior a 30 bilhões de dólares.

Este escândalo motivou a Internacional Progressista a agir em solidariedade. No ano passado, levamos uma delegação de alto nível para Tegucigalpa para apoiar o governo, fornecer apoio técnico e derrotar as ZEDEs. Hoje renovamos o nosso apoio, celebramos este ousado ato de resistência do povo hondurenho e do seu governo e comprometemo-nos a caminhar com eles ao longo do caminho acidentado que conduz a uma Nova Ordem Econômica Internacional.

Últimas do Movimento

Avanços nos Direitos das Mulheres no Chile a na Argentina

Esta semana, o Senado chileno aprovou com ampla maioria a Lei Integral para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra as Mulheres. A lei, apoiada pela Convergência Social, membro da IP, está a um passo de se tornar lei, com a próxima votação na Câmara dos Deputados.

Na Argentina, a CTA-T, a federação sindical e membro da IP, conclamou apoio a uma Greve Feminista Internacional no Dia Internacional das Mulheres, apelando a todos os seus sindicatos filiados em todos os setores para que promovam as reivindicações das mulheres e apoiem a participação delas nas manifestações para o Dia Internacional da Mulher.

Como parar a Terceira Guerra Mundial

Para o sexto episódio do “The International”—uma série de vídeos de âmbito mundial trazida até você pela Jacobin e pela Progressive International—a jornalista Abby Martin examina as digitais globais deixada pela OTAN e explica porque é que esta “aliança defensiva” pode acabar por causar a Terceira Guerra Mundial.

O objetivo original da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), de acordo com o seu primeiro Secretário-Geral, era “manter os soviéticos fora, os americanos dentro e os alemães para baixo”.

Hoje, a União Soviética desapareceu, os Estados Unidos são dominantes e a Alemanha está se desindustrializando. Será que a OTAN alcançou os seus objetivos? Se sim, por que ela ainda existe? E porque é que Fidel Castro a chamou de “o mais pérfido instrumento de repressão conhecido pela humanidade”?

Assista ao vídeo aqui.

A luta por reconhecimento na Amazon

Após um ano de greves e organização, trabalhadoras e trabalhadores da Amazon em Coventry (Inglaterra) e o sindicato deles, o GMB, entraram com pedido de reconhecimento sindical. A Amazon, como faz sempre que pode, resiste a negociar com o sindicato. O reconhecimento forçaria a empresa a conversar com o GMB sobre questões relacionadas a remuneração, segurança do trabalho, relações contratuais e etc. Na verdade, isso faria a Amazon pagar (Make Amazon Pay, lema do movimento em inglês).

Aos milhares, aos milhões

Em todo o mundo, as pessoas continuam a agir pela libertação da Palestina. Em marchas, protestos, bloqueios e boicotes, cidadãos e cidadãs fazem-se ouvir.

O mundo está contra o ataque de Israel. Mesmo nos Estados Unidos, uma nova pesquisa de opinião concluiu que, por uma enorme margem de 52 a 27 por cento, os eleitores querem que os envios de armas dos EUA para Israel parem. Um embargo de armas é uma exigência crescente da maioria em quase todos os países do mundo, como explicaram James Schneider e Peter Mertens em entrevistas à imprensa na semana passada.

O membro da IP, a Central Sindical dos Trabalhadores (CUT) no Brasil, que representa mais de 7,4 milhões de trabalhadores e trabalhadoras, repetiu esta exigência esta semana, apelando ao governo do Brasil para cancelar toda a cooperação militar com Israel, bem como operar um embargo de armas.

O isolamento de Israel cresce a cada dia.

Amani Al Thuwaini (Ucrânia, 1989) é uma artista e designer do Kuwait que responde à mercantilização e às mudanças de tradições e costumes incorporando insinuações de modernismo, exibição superficial, fetichismo da mercadoria e gênero.

Sua série Armas de Violência (Weapons of Violence, no original em inglês) foi criada para aumentar a conscientização sobre o crime de honra—o assassinato de um parente, especialmente uma menina ou mulher, que é percebido como tendo desonrado a família. A série retrata objetos domésticos, muitas vezes usados como armas de violência, incluindo travesseiros, facas e vasos.

Cada trabalho é cravejado digitalmente com palavras e frases derivadas da mídia e de artigos de jornais locais contando histórias sobre crimes de honra, por exemplo “junha” que significa “crime menor” e “como se ela fosse um objeto mecânico que não possui seu próprio corpo."

Available in
EnglishSpanishPortuguese (Brazil)FrenchGermanUrdu
Translator
Andre Carneiro
Date
08.03.2024
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