Esta semana, 85 economistas de renome de instituições de todo o mundo reuniram-se numa carta organizada pela Internacional Progressista para apoiar a decisão de Honduras de afirmar a sua democracia e soberania, retirando-se do Centro Internacional para a Resolução de Disputas sobre Investimentos (ICSID, na sigla em inglês) do Banco Mundial. Os economistas argumentam que “os tribunais de arbitragem internacionais como o ICSID permitem que as empresas processem os Estados e restrinjam a sua liberdade de regular em favor de consumidores, trabalhadores e do ambiente”.
O ICSID vem sendo utilizado por empresas norte-americanas e investidores do Vale do Silício para processar Honduras por quantias de dinheiro impagáveis. Por exemplo, em 20 de dezembro de 2022, a empresa norte-americana Honduras Próspera Inc. anunciou uma ação judicial de 10,7 bilhões de dólares contra o governo hondurenho, o que equivale a 66% do orçamento planejado de Honduras para o ano de 2023. Os investidores da Próspera querem ser ressarcidos pelo povo hondurenho pela sua decisão democrática de revogar uma lei de 2013 que permite a criação de zonas econômicas especiais conhecidas como 'ZEDEs'. Vendidas a investidores estrangeiros como um paraíso cripto-libertário, estas zonas receberam uma autonomia jurídica e financeira sem precedentes em relação às políticas governamentais nacionais.
Em 2023, a Internacional Progressista convocou uma delegação de alto nível a Honduras para ouvir diretamente as comunidades afetadas pelas ZEDEs, para chamar a atenção internacional para o crime do colonialismo corporativo e para apoiar o governo do Presidente Xiomara Castro a derrotá-lo.
Agora celebramos a decisão histórica de Xiomara Castro de se retirar completamente do sistema ICSID.
Os 85 economistas que concordam incluem figuras importantes da profissão, como a premiada economista de desenvolvimento indiano e membra do Conselho PI Jayati Ghosh; o norte-americano Jeffrey Sachs, que foi chamado de “provavelmente o economista mais importante do mundo” pelo New York Times; o chileno Gabriel Palma, pai do Índice de Desigualdade de Palma; o economista grego, ex-ministro das Finanças e membro do Conselho da Internacional Progressista, Yanis Varoufakis; a premiada economista britânica Ann Pettifor, conhecida por prever a crise financeira de 2008 e o economista sul-coreano Ha-Joon Chang, que aparece regularmente nas listas dos principais pensadores globais.
A carta, que você pode ler aqui e ver a lista completa de signatários, recebeu cobertura significativa, inclusive no Intercept em inglês e na mídia espanhola, latino-americana e hondurenha.
Agora, estamos coordenando apoio técnico e político ao povo de Honduras para derrotar as ZEDEs com apoio dos principais especialistas em economia. Uma nova delegação da Internacional Progressista desembarcou em Honduras na quarta-feira. A delegação da IP vem realizando reuniões de alto nível com o governo e visitando a ilha de Roatán em uma missão de apuração de fatos.
Ontem, a delegação realizou uma conferência de imprensa no Palácio Presidencial para apresentar aos meios de comunicação as suas perspectivas sobre a saída de Honduras do ICSID.
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Na próxima semana, a Internacional Progressista lançará um novo consórcio de investigação com a CLASCO e a Transform Europe sobre a Internacional Reacionária, traçando as ligações entre políticos, plataformas, agências de pesquisa (think-tanks), financiadores, fundações, publicações, juízes e jornalistas que compõem a rede global que vem minando nossas democracias.
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Através da sua Presidenta Pro-Tempore, Xiomara Castro de Honduras, a CELAC—o bloco de 33 estados membros da América Latina e do Caribe—declarou esta semana sua recusa em permitir “qualquer ação militar que viole o princípio da autodeterminação” no Haiti e convocou uma “Troika” com São Vicente e Granadinas e a Colômbia para procurar uma solução diplomática.
Nesta semana, ativistas do Movimento Juntos, membro da IP na Albânia, lançaram uma campanha exigindo medidas urgentes para reduzir a poluição atmosférica em Tirana, a capital. O partido coletou assinaturas de cidadãos e cidadãs preocupados com o tema para ajudar a construir a campanha. Tirana é, segundo o Movimento Juntos, uma das capitais mais poluídas da Europa, causando doenças e mortes precoces.
Arte: Um mural da ambientalista e líder indígena assassinada Berta Cáceres em Tegucigalpa, Honduras.