Newsletter da Internacional Progressista | No. 14 | Como parar a Terceira Guerra Mundial

A OTAN completou 75 anos nesta semana. Sua missão violenta está se expandindo.
Na 14ª Newsletter da Internacional Progressista de 2024, além de outras notícias do mundo, nós analisamos as resistências globais à OTAN, a aliança liderada pelos EUA, em ocasião do seu 75º aniversário. Quer receber a nossa Newsletter diretamente no seu email? Inscreva-se através do formulário no final desta página.

Esta marca os 75 anos de fundação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). A aliança surgiu na sequência de alguns dos acontecimentos mais turbulentos da história da humanidade.

A União Soviética perdeu 27 milhões de vidas para derrotar a Alemanha nazista. A China perdeu mais de 20 milhões numa guerra muito mais longa contra o império japonês. Os britânicos foram atacados; suas colônias passaram fome, foram divididas e abandonadas. A Europa estava em ruínas.

Os Estados Unidos, por outro lado, emergiram economicamente mais fortes e, depois de Hiroshima e Nagasaki, protegidos pelo terrível poder do átomo. Os EUA agiram então rapidamente para aplicar o seu novo poder a um projeto de hegemonia global. “O poder preponderante deve ser o objeto da política dos EUA”, dizia um memorando do Departamento de Estado em 1947.

Fundada em 4 de Abril de 1949 com a missão explícita de “dissuadir o expansionismo soviético” e estabelecer uma “presença norte-americana permanente no continente (europeu)”, A OTAN foi uma peça chave desse quebra-cabeças

A OTAN insiste que é ela uma força que visa a democracia. Mas, desde o seu início, a Aliança armou, protegeu e elevou algumas das forças mais reacionárias da sociedade europeia. O brutal regime do Estado Novo de António Salazar em Portugal foi um membro fundador da OTAN—e permaneceu um membro central até ser derrubado em 1974. Adolf Heusinger, um alto oficial nazista e aliado próximo de Hitler—e procurado pela União Soviética por crimes de guerra—se tornou Presidente do seu Comitê Militar.

A OTAN insiste que ela é uma garantidora da liberdade. Mas não precisamos olhar muito para trás na história para encontrar as suas impressões digitais nas tentativas de esmagar aspirações populares à soberania. Se referindo sobre o apoio da OTAN ao regime de Salazar e às suas guerras coloniais na África, o Primeiro-Ministro Indiano Jawaharlal Nehru condenou a Aliança na Conferência de Bandung de 1955, chamando-a de “um dos mais poderosos protetores do colonialismo”. Na verdade, todos os membros fundadores da OTAN foram grandes potências coloniais. Na década de 1960, havia mais de uma dúzia de bases da OTAN no Norte de África—incluindo um local de testes nucleares.

A OTAN insiste que ela é uma aliança defensiva. Mas ao longo da sua história, ela destruiu e desmantelou estados inteiros. De acordo com uma pesquisa realizada pelo projeto Custos da Guerra (Costs of War) do Instituto Watson da Universidade Brown, as guerras pós-11 de setembro que foram impostas aos povos do Afeganistão, Iraque, Paquistão, Síria, Iêmen, Líbia e Somália custaram 4,5 milhões de vidas, e empurraram dezenas de milhões de pessoas à pobreza e à migração involuntária.

Agora a OTAN está se globalizando. No seu Conceito Estratégico, emitido recentemente, a Aliança referia-se a África e ao Oriente Médio como a sua “vizinhança meridional”. Como se não bastasse, na cúpula de 2023 em Vilnius, a OTAN emitiu um comunicado que reforçou a postura estratégica da organização delineada anteriormente: as “ambições declaradas da China… desafiam os interesses, a segurança e os valores [da OTAN]”, necessitando de um pivô da OTAN do Atlântico para o Pacífico.

À medida que as ambições crescentes da OTAN elevam as tensões a um ponto de não-retorno em várias frentes, tornou-se imperativo desafiar a sua missão violenta e desmantelar a máquina de guerra.

É por isso que esta semana a Internacional Progressista trabalhou com parceiros de todo o mundo a fim de estabelecer um dia de ação global no 75º aniversário da OTAN. Durante a semana passada, ativistas em seis países—EUA, Alemanha, Bélgica, Reino Unido, Itália e Colômbia—realizaram uma série de ações para desafiar a OTAN e romper com a sua propaganda.

No último mês, em parceria com a revista Jacobin e Abby Martin, nós produzimos um vídeo sobre a história da OTAN. Pedimos que depois de assistí-lo você também compartilhe a nossa produção.

Últimas do Movimento

Vitória em Van

Nas eleições de 2023 na Turquia, a Internacional Progressista enviou uma missão de observação eleitoral à cidade de Van, de maioria curda, para monitorar ameaças ao processo democrático.

A delegação encontrou-se com o ex-co-prefeito de Van, Mustafa Avcı. Avcı foi eleito democraticamente em 2019, mas foi detido e substituído—juntamente com todo o conselho municipal de Van—por um administrador nomeado pelo Estado, sem investigação ou justificativa. Nas eleições municipais realizadas em 31 de Março, as forças progressistas da cidade venceram mais uma vez. E mais uma vez, o governo do Presidente Recep Tayyip Erdogan procurou desqualificar um co-prefeito eleito.

Após a mobilização do Partido Popular por Igualdade e Democracia (DEM), o Conselho Supremo Eleitoral (YSK) decidiu a favor do co-prefeito, Abdullah Zeydan, concedendo-lhe o seu mandato.

Sindicatos do Sri Lanka resistem ao FMI

26 sindicatos e 42 organizações e movimentos da sociedade civil reuniram-se numa declaração conjunta rejeitando o falso processo de consulta do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Os sindicatos e as organizações estão compreensivelmente preocupados com as rigorosas condições que o atual acordo FMI-Sri Lanka impõe ao país do sul da Ásia. Eles argumentam que grande parte da dívida do Sri Lanka é odiosa e, portanto, ilegítima. Não houve qualquer vontade por parte do FMI de considerar seriamente esta e outras questões chaves levantadas pela sociedade civil. Leia a declaração completa aqui.

Arte da Semana: A Guerra Civil Espanhola politizou Picasso, o que o levou a pintar a famosa representação de Guernica—a cidade basca dizimada pelos bombardeiros alemães. Posteriormente, o próprio artista tornou-se um símbolo do antifascismo e, em 1944, ingressou no Partido Comunista afirmando: “estes anos de terrível opressão mostraram-me que devo lutar não só através da minha arte, mas com tudo de mim”.

No início de 1949, ano em que a OTAN foi fundada, Picasso criou uma litografia de uma Pomba para o primeiro Congresso Mundial da Paz. A imagem ficou conhecida como a Pomba da Paz e foi motivo recorrente em sua obra—até sua morte em 1973. Durante a vida do artista, o governo soviético o homenageou duas vezes com o prêmio nacional da paz e, após o seu falecimento, em 1981, a Pomba foi incluída em um selo ao lado de seu retrato.

Na mesma carta publicada pelo L’Humanité em 1944, Picasso falou da libertação que sentiu ao aderir ao Partido Comunista: “Como pude ter hesitado? Por medo de me comprometer? Mas pelo contrário nunca me senti mais livre, mais completo!”

Available in
EnglishGermanFrenchPortuguese (Brazil)Spanish
Translator
Cristhiano Duarte Silva
Date
05.04.2024
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