Na semana passada, hospedados no esplendor do Capitólio Nacional de Havana, acadêmicos, acadêmicas, diplomatas e agentes políticos—do Senegal à Suécia, da Colômbia à China, da Austrália à Argentina—traçaram um caminho concreto e inspirador para sair desta era de pilhagem e vingança intoleráveis. Essas pessoas se reuniram para o Congresso do 50º Aniversário da Nova Ordem Econômica Internacional visando produzir um roteiro para uma insurgência no Sul Global a fim de refazer o sistema mundial através de instituições de governança global novas e alternativas que buscam a paz, a prosperidade e a proteção do planeta.
O Congresso—co-organizado pela Internacional Progressista e pela Asociación Nacional de Economistas y Contadores de Cuba—reuniu em Havana importantes pessoas do meio acadêmico, diplomatas e atores políticos de 36 países, incluindo Brasil, África do Sul, China, Colômbia, Quênia, Indonésia e Espanha, para três dias de intensa discussão, deliberação e preparação de um Programa de Ação visando garantir a paz através do desenvolvimento soberano no século XXI.
O evento contou com a presença de Ernesto Samper, ex-presidente da Colômbia; Attiya Waris, especialista independente da ONU em dívida externa, outras obrigações financeiras internacionais e direitos humanos; Mathu Joyini, representante permanente da África do Sul na ONU; Cristina Reis, subsecretária brasileira para Desenvolvimento Econômico Sustentável; Ramón Pichs-Madruga, Vice-Presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas; Andrés Arauz, Ex-Governador do Banco Central do Equador; Marlon Ochoa, Ministro das Finanças de Honduras; e Jeffrey Sachs, Diretor do Centro para o Desenvolvimento Sustentável de Columbia. A lista completa de participantes pode ser encontrada aqui.
O Congresso de Havana foi concluído com uma apresentação do Presidente Miguel Díaz-Canel Bermúdez delineando a visão da Presidência Cubana do G77 + China para a Nova Ordem Econômica Internacional.
Os delegados e delegadas debateram estratégias e tácticas para conquistar uma Nova Ordem Econômica Internacional e trabalharam em importantes propostas de reforma estrutural sob cinco temas:
As propostas incluíram um clube de devedores, associações para a gestão de minerais essenciais, coordenação de preços de commodities, financiamento do BRICS para a capacidade estatal do Sul, programas detalhados de integração regional—incluindo estratégias industriais e compras públicas coletivas de medicamentos e componentes—redução da dependência técnico-material do Norte Global, recuperação do controle nacional sobre as receitas cambiais, política industrial nacional e regional, investimento em soberania alimentar e de energia renovável, um sistema global de estoque regulador multicamadas para produtos essenciais—incluindo alimentos e minerais críticos—saída coordenada do ICSID, denúncia de tratados bilaterais de investimento, sistemas de pagamentos transfronteiriços com depósitos de reservas internacionais, mobilização de Direitos de Saque Especiais para o desenvolvimento do Sul, estabelecimento de uma associação de exportadores de matérias-primas, ativação de cláusulas de força maior a fim de que caiam todas as patentes para combater as alterações climáticas, reparações por emissões históricas de CO2 de o Norte Global e muitas mais.
Estas propostas serão desenvolvidas num Programa de Ação renovado e detalhado para o estabelecimento de uma Nova Ordem Econômica Internacional antes da Assembleia Geral das Nações Unidas em Setembro de 2024, juntamente com governos parceiros de todo o mundo. Este desenvolvimento programático, que será supervisionado por um comitê técnico da Internacional Progressista, será realizado através de fóruns online e em outras conferências presenciais, com a Argélia, Honduras, México e Colômbia considerados como possíveis países anfitriões.
A Internacional Progressista vai publicar uma seleção dos discursos e das intervenções proferidas no Congresso. Vá até a seção ‘Últimas do Projeto’ neste mesmo e-mail ou visite nosso website para vê-los.
Discursando num comício lotado do Primeiro de Maio em Bogotá, o presidente colombiano e membro do Conselho da IP, Gustavo Petro, anunciou que o seu país romperá formalmente as relações diplomáticas com o Estado de Israel no dia 2 de maio. O governo colombiano tem sido um opositor declarado da campanha genocida de Israel em Gaza.
O sindicato britânico GMB tomou medidas legais contra a Amazon, acusando a gigante do varejo de empregar táticas coercitivas para desencorajar trabalhadores e trabalhadoras de se sindicalizarem. Este movimento legal, conhecido como Reivindicação de Incentivo, ocorre logo depois que o GMB alcançou um marco significativo ao ganhar uma votação de reconhecimento sindical no armazém da Amazon em Coventry—um movimento que poderia abrir caminho para o primeiro sindicato da Amazon no Reino Unido.
Arte da Semana: Viva La Solidaridad Cubano-Palestina é emblemático da solidariedade de longa data de Cuba com a Palestina—uma solidariedade que antecede este cartaz feito por Marc Rudin em 1989 e que existe até hoje.
Durante a Revolução Cubana, Fidel Castro estabeleceu uma relação com Yasser Arafat e, mais recentemente, em Novembro passado, o Presidente cubano Miguel Díaz-Canel liderou uma marcha pró-Palestina pelas ruas do icônico passeio marítimo de Havana.
Durante o Congresso do 50º Aniversário da NOEI, Jason Hickel identificou o imperialismo como o inimigo comum de Cuba e da Palestina, afirmando: “O bloqueio dos EUA contra Cuba, tal como o genocídio em Gaza, é um lembrete constante da violência flagrante da ordem mundial imperialista e o motivo pelo qual devemos superá-lo”, acrescentando uma importante nota de rodapé que une toda a humanidade: “O mesmo acontece com a crise ecológica”.
Marc Rudin se autodenomina “artista gráfico, músico, amigo e revolucionário”, afirmando que suas “obras representam a solidariedade internacional”.
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