O povo de Bangladesh tirou a primeira-ministra, Sheikh Hasina, do poder após 15 anos de governo. O preço da insurgência foi pago com sangue pelo povo de Bangladesh. Pelo menos 439 pessoas foram mortas por forças estatais, muitas baleadas, entre 16 de julho e 5 de agosto, de acordo com pesquisa da National Garment Workers Federation (Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Setor Têxtil, em tradução livre) de Bangladesh, um membro da Internacional Progressista. Dezenas de milhares—cerca de 150.000 pessoas, de acordo com relatos da mídia local—ficaram feridas.
A National Garment Workers Federation (NGWF) apoiou a luta de estudantes, trabalhadores e trabalhadoras contra o governo de Sheikh Hasina durante todo o processo. Quatro membros do sindicato foram mortos, mais de 50 feridos e mais de 100 presos.
Entre as perdas da NGWF estavam Zakir Hossain, co-secretário geral do comitê regional de bordados de Mohammadpur e Md. Sohel, um organizador sindical. A polícia os matou a tiros.
A pesquisa da NGWF mostra que a maioria dos mortos na derrubada bem-sucedida do governo eram estudantes e trabalhadores. Três quartos dos mortos eram jovens adultos ou ainda mais jovens. A maioria morreu por ferimentos de armas de fogo. A pesquisa examinou as mortes de 175 manifestantes e descobriu que cerca de quatro em cada cinco tinham ferimentos de bala mortais, principalmente na cabeça, peito, costas ou abdômen.
A maioria dessas vítimas, sem cuja bravura Sheik Hasina ainda governaria Bangladesh, eram da classe trabalhadora.
Levou-se apenas 36 dias para derrubar o governo. Tudo começou como um protesto estudantil pacífico na Universidade de Dhaka. Os estudantes estavam tentando reverter uma decisão judicial que restabeleceu a cota em empregos governamentais para as famílias e descendentes de veteranos da Guerra de Libertação de 1971.
Esses protestos pacíficos foram recebidos primeiro com confronto da Chhatra League—a ala estudantil da Awami League no poder—e depois com violência policial. Essa violência estatal ampliou e transformou os protestos de uma reforma específica em um desafio total ao sistema de governo.
O ponto de não-retorno veio em 16 de julho, quando a polícia atirou e matou Abu Saeed, um estudante da Universidade Begum Rokeya em Rangpur. Milhões assistiram a vídeos virais do tiroteio nas redes sociais. A violência policial foi transmitida ao vivo, em tempo real. As imagens desse assassinato estimularam o ciclo de intensificação de protestos e repressão que levaram Sheikh Hasina a fugir em um avião para a Índia em 5 de agosto.
Os manifestantes paralisaram o país, por meio de bloqueios e barricadas. A resposta do governo da Awami League foi dura e autoritária: prisões em massa, detenções, toques de recolher, soldados nas ruas e cortes nos serviços de internet.
A resposta do governo não reprimiu os protestos, mas os fez crescer e os estimulou exigir o fim do governo. Os protestos e a violência contra eles atingiram seu ápice em 4 de agosto. Confrontos entre a polícia e os manifestantes foram vistos em todo o país e mais de 100 foram mortos.
A escala do derramamento de sangue provou ser grande demais para o governo da então primeira-ministra continuar. No dia seguinte, Sheikh Hasina renunciou e fugiu em um avião para a Índia.
Na quinta-feira, 8 de agosto, um governo interino liderado por Muhammad Yunus, um pioneiro em microcrédito, amado pelos neoliberais ao redor do mundo e vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2006, foi formado. A classe dominante de Bangladesh e seus aliados internacionais esperam que uma mudança de governo e novas eleições desmobilizem o vasto movimento popular que se desenvolveu para forçar Sheikh Hasina a deixar o cargo. Mas o povo de Bangladesh e suas organizações populares sentiram seu poder coletivo e continuam a levantar suas vozes por dignidade e justiça.
Pela memória das vítimas da violência estatal.
O Partido Haqooq-e-Khalq (HKP), membro da IP, organizou sua primeira conferência de trabalhadores e trabalhadoras em Kot Lakhpat, Lahore, Paquistão, no final de julho. A conferência, um grande passo no desenvolvimento do Partido, reuniu trabalhadores, trabalhadoras, sindicatos e ativistas. Entre as resoluções da conferência destaca-se a promessa de lançar uma luta popular contra as políticas anti-trabalhadores do governo do Paquistão.
60 especialistas em direito internacional emitiram uma declaração aos estados do Mediterrâneo de que a entrega de combustível de aeronaves militares para Israel por meio dos petroleiros Overseas Santorini e Sun Coast viola a lei internacional.
Os especialistas escreveram em uma declaração aberta que os estados devem proibir seu trânsito em conformidade com as decisões tomadas pela Corte Internacional de Justiça e Órgãos da ONU.
Na semana passada, mais de 370 líderes sindicais de inquilinos, trabalhadores de base, parceiros locais e nacionais se uniram para lançar a US Tenant Union Federation (Federação dos Sindicatos de Inquilinos e Inquilinas dos EUA, em tradução livre).
A Federação reúne cinco territórios, começando pequeno para priorizar a teoria alinhada do poder. Os sindicatos fundadores são o KC Tenants (membro da IP), o Louisville Tenants Union, o Connecticut Tenants Union, o Not Me We e o Bozeman Tenants United. A Tenant Union Federation planeja expandir sua filiação em 2025.
Arte da Semana: Zainul Abedin (1914–1976) foi um influente artista, ativista e professor muçulmano de Bangladesh. Embora as obras mais conhecidas de Abedin documentem a fome de Bengala em 1943, ele também pintou o povo indígena Santhal e refugiados palestinos na Síria e na Jordânia.
Como ativista, Abedin desempenhou um papel no Movimento da Língua Bengali, na Guerra de Libertação de Bangladesh e introduziu a arte no sistema escolar público, sendo cofundador da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Dhaka. Em 5 de agosto, a casa da ex-primeira-ministra Sheikh Hasina foi saqueada. Uma pessoa pegou um peixe impressionante, cujas imagens circularam amplamente.