Briefing

Newsletter da Internacional Progressista | No. 44 | Trabalhadorxs vs. Genocídio

A Internacional Progressista lança o Índice Melancia a fim de conectar e apoiar campanhas de trabalhadores e trabalhadoras em prol da Palestina.
Na 44ª Newsletter da Internacional Progressista de 2024, além de outras notícias do mundo, nós falamos sobre o Índice Melancia, uma ferramenta para a resistência levada a cabo por trabalhadores e trabalhadoras contra a ocupação e o genocídio em curso na Palestina. Quer receber a nossa Newsletter diretamente no seu email? Inscreva-se através do formulário no final desta página.

A luta por justiça não é um espetáculo televisivo. A classe política e midiática do Ocidente não desafiará o genocídio que ela mesma arma e apoia. Temos que agir nós mesmos, onde quer que estejamos, se quisermos confrontar os graves crimes contra o povo palestino.

A máquina de guerra de Israel ganha vida pelo apoio financeiro, militar, diplomático e cultural que recebe de empresas ao redor do mundo. Com diferentes impactos, milhares de empresas são cúmplices. Isso significa que trabalhadores e trabalhadoras dessas empresas têm o poder de jogar areia nas engrenagens da máquina de guerra.

No início do genocídio em Gaza, sindicatos palestinos apelaram aos trabalhadores e sindicatos de todo o mundo para agirem contra a cumplicidade dos seus empregadores com os crimes de Israel contra o povo palestino.

Milhares deles já o fizeram. Trabalhadoras e trabalhadores portuários na Espanha, Itália, Bélgica, Namíbia e Índia se recusaram a manusear carregamentos militares destinados a Israel para matar palestinos e palestinas. Só esta semana, portuários e portuárias do Marrocos, no porto de Tânger, se recusaram a carregar o NYSTED MAERSK depois que o navio foi descoberto por ter recebido pelo menos 46 carregamentos militares dos EUA para Israel durante o genocídio em Gaza, após uma investigação da Internacional Progressista e do Movimento da Juventude Palestina (Palestinian Youth Movement).

A pressão de sindicatos e manifestantes japoneses forçou a gigante japonesa Itochu a encerrar a cooperação com a maior empresa militar privada de Israel, a Elbit Systems. Com base em anos de ativismo por boicotes, desinvestimentos e sanções, essas campanhas se espalharam para outras partes da economia.

Para conectar e apoiar campanhas existentes lideradas por trabalhadorxs e fomentar outras novas, esta semana a Internacional Progressista lançou o Índice Melancia (ou Watermelon Index, no original em inglês), uma ferramenta para resistência liderada por trabalhadores e trabalhadoras contra a ocupação e o genocídio na Palestina. O Índice Melancia é um banco de dados de empresas cúmplices de crimes israelenses e campanhas de trabalhadores contra elas.

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O banco de dados cobre extensivamente a cumplicidade de mais de 400 empresas e tem a intenção de dar suporte a trabalhadores e trabalhadoras de qualquer lugar do globo para investigar a cumplicidade dessas empresas na ocupação. As empresas no banco de dados variam de grandes corporações tecnológicas, como a Microsoft, a companhias de seguros, bancos, empresas de energia e logística. O Índice Melancia mede a cumplicidade por meio de diferentes tipos de suporte, incluindo financeiro, militar, diplomático, cultural, comercial e social, nos quais uma empresa possibilita a ocupação de Israel.

Vários grupos já se uniram a Internacional Progressista a fim estabelecer parcerias com o Índice Melancia, incluindo o Movimento da Juventude Palestina, Workers for a Free Palestine, Campaign Against Arms Trade, United Tech and Allied Workers, No Tech for Apartheid, Energy Embargo for Palestine, Organise Now!, Disrupt Power e a Movement Research Unit. Todas essas organizações estão envolvidas em ações de solidariedade à Palestina, ou facilitaram a organização de trabalhadores ou já obtiveram importantes vitórias em campanhas estratégicas contra a cumplicidade de empresas.

Após ter publicado uma pesquisa crítica sobre a cumplicidade da Maersk no genocídio em Gaza, o Movimento da Juventude Palestina bloqueou com sucesso uma remessa da Maersk com bens militares de acessar portos espanhois. Isso ocorreu depois que a Espanha  anunciou um embargo de armas a Israel. O Movimento está atualmente se mobilizando com sindicatos e organizações da sociedade civil no Marrocos, Turquia e na própria Espanha para interromper a jornada de remessas da Maersk para Israel.

O No Tech for Apartheid, outro parceiro do Índice Melancia, também é uma campanha liderada por trabalhadores que organizou protestos em massa, petições e piquetes exigindo o fim do Projeto Nimbus, um contrato entre a Google, a Amazon e Israel. Em fevereiro de 2024, trabalhadores e trabalhadoras do Google da No Tech for Apartheid e da United Tech and Allied Workers organizaram um piquete na sede da Google no Reino Unido.

Desde o início do cerco de Israel a Gaza, também houve vários piquetes organizados do lado de fora de fábricas de armas pelos Workers for a Free Palestine e mobilizações lideradas por trabalhadores da cultura visando parcerias institucionais com empresas de seguros e energia—com organização do Energy Embargo for Palestine e Culture Workers against Genocide.

A Internacional Progressista colocou capacidade de organização por trás do Índice Melancia visando a facilitação de mais campanhas lideradas por trabalhadores e trabalhadoras. Esta iniciativa de organização se concentra em quatro setores principais: logística e transporte, tecnologia, finanças e seguros e energia. O índice fornece recursos para que trabalhadores e trabalhadoras possam solicitar suporte para se organizar em seus locais de trabalho e apoiar ações-chave que ocorrerão nesses quatro setores nos próximos meses.

Leia mais sobre o lançamento do índice aqui.

Explore o banco de dados com mais de 400 empresas complícitas e as campanhas contra elas aqui.

Também é importante: (a) se juntar às dezenas de trabalhadoras e trabalhadores empregados por empresas cúmplices e que entraram em contato nos últimos dias—usando este formulário—para denunciar seus patrões, (b) compartilhar informações sobre campanhas e (c) pedir ajuda para se organizar pela Palestina em seus locais de trabalho.

Os laços de cumplicidade com a ocupação e o genocídio de Israel estão por toda parte. Cabe a todos nós cortá-los onde pudermos para avançar a libertação palestina.

Últimas do Movimento

Ministra do Meio Ambiente da Colômbia faz um chamado por um embargo energético contra Israel

Nas margens da COP29 em Baku, Azerbaijão, a Ministra do Meio Ambiente da Colômbia, Susana Muhamad, emitiu um poderoso apelo aos governos mundiais para impor um embargo global de energia a Israel. Em uma declaração em vídeo, Muhamad instou as nações a seguirem o exemplo da Colômbia em cortar o fornecimento de combustíveis fósseis que, em suas palavras, “alimentam o genocídio.”

Em sua declaração, Muhamad explica que “devemos parar o fluxo de combustíveis fósseis que alimentam o genocídio. Precisamos de um embargo energético para parar esse genocídio, e todos os países podem seguir o exemplo da Colômbia. Não há justiça climática se não houver direitos humanos.”

A Colômbia fez história em junho de 2024 ao se tornar a primeira nação a impor um embargo energético a Israel, cortando 70% de suas importações de carvão. O apelo de Muhamad se baseia em demandas crescentes na COP29, onde delegados e delegadas da sociedade civil palestina—com apoio de grupos ambientais da África do Sul, Turquia e Brasil—amplificaram os apelos por ações imediata contra países que continuam a vender ou transportar petróleo e carvão para Israel.

A ministra sublinhou que tal embargo não é apenas um imperativo moral, mas também legal, citando as obrigações da Colômbia sob a Convenção sobre Genocídio, “como país, levamos muito a sério as nossas obrigações legais em matéria de direitos humanos e sob a convenção legal sobre genocídio”.

Escrutínio europeu nos armazéns da Amazon

Legisladores e legisladoras da União Europeia chegaram a um acordo sobre o escrutínio das condições de trabalho nos armazéns da Amazon, em linha com as exigências dos sindicatos europeus no início desta semana. Pelo acordo, a Amazon deve comparecer a uma audiência no Comitê de Emprego e Assuntos Sociais (CEAS) do Parlamento antes que membros e membras do Parlamento Europeu partam em uma missão de apuração de fatos, reunindo-se com autoridades da Amazon e representantes de trabalhadores e trabalhadoras em seus armazéns. Posteriormente, o Comitê decidirá, sem nenhuma garantia automática, sobre a readmissão de lobistas da Amazon no Parlamento Europeu.

A decisão vem depois que sindicatos europeus, incluindo a UNI Europa e a Confederação Europeia de Sindicatos (ETUC), enviaram uma carta aos legisladores na segunda-feira descrevendo essas condições. A carta também instava a considerar o histórico da Amazon de suposta destruição de sindicatos e recusa em se envolver em negociação coletiva como parte de suas deliberações.

Comunistas do Quênia se juntam à IP

Após seu histórico Segundo Congresso Nacional, o Partido Comunista Marxista do Quênia se juntou oficialmente à Internacional Progressista.

Colaboraremos para promover o projeto socialista no Quênia e promover o pan-africanismo fundamentado na visão do socialismo científico em todo o continente.

Ao se juntar à IP, o partido disse: “A solidariedade da IP tem sido extremamente importante na consolidação de forças progressistas e revolucionárias internacionalmente, o PCM celebra sua presença no 2º Congresso Nacional. Viva a solidariedade internacional!”

Polícia brasileira indicia Bolsonaro de planejar um golpe

A Polícia Federal brasileira concluiu esta semana que o ex-presidente Jair Bolsonaro tinha “pleno conhecimento” do plano para assassinar o agora presidente Luiz Inácio Lula da Silva e anular os resultados das eleições de 2022.

COP Out

A COP29 está chegando ao fim em uma saraivada de ignomínia e fracasso. Até mesmo os ‘de dentro’ levantaram a ideia de uma revisão institucional completa, já que as necessidades do planeta—e as demandas do Sul Global por financiamento de uma rápida transição verde—não estão sendo atendidas pelos países ricos e empresas de combustíveis fósseis.

Arte da Semana: Natalie Lama é uma artista visual baseada em Amã, Jordânia, que trabalha com fotografia e edição para “transformar seu entorno”. حرة (Free), 2024 foi criado como parte de uma série intitulada Sour Summer, que a artista explica que captura uma “geração lutando contra a impotência e o desgosto” retratando tanto “desespero quanto solidariedade”.

A história da origem da fruta como substituta da bandeira palestina remonta à Guerra dos Seis Dias em 1967, quando Israel proibiu a bandeira e suas cores na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Em 1980, um oficial israelense declarou: "Mesmo que você pinte uma melancia, ela será confiscada", ao fechar uma exposição na 79 Gallery em Ramallah. 

A melancia continua sendo um símbolo duradouro de resistência criativa.

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Date
24.11.2024
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