Briefing

Newsletter da Internacional Progressista | No. 39  | Defendam a Zona de Paz

A iminente guerra dos Estados Unidos contra a Venezuela ameaça toda a região—e o mundo.
Na 39ª Newsletter da Internacional Progressista de 2025, além de outras notícias do mundo, nós reportamos sobre os planos de guerra dos Estados Unidos contra a Venezuela, e o crescente movimento em luta pela defesa da 'Zona de Paz' na região. Quer receber a nossa Newsletter diretamente no seu email? Inscreva-se através do formulário no final desta página.

Uma nova guerra no continente sul-americano parece iminente.



Nas últimas semanas, os Estados Unidos lançaram pelo menos sete ataques contra pequenas embarcações no Caribe, matando dezenas de cidadãos venezuelanos, colombianos e de Trinidad e Tobago em uma onda de execuções extrajudiciais justificadas pelo pretexto duradouro da 'guerra às drogas'. Os corpos de várias vítimas foram encontrados na costa de Trinidad, em Cumaná, no início desta semana.

Esses ataques ocorrem em meio a uma grande mobilização de forças militares em torno da Venezuela, incluindo o recente envio de bombardeiros B-52 em missões em direção à costa do país. Entre outras razões, Donald Trump acusou absurdamente a Venezuela de ser um centro de transporte de "fentanil da China" para os EUA—um pretexto pouco convincente para uma guerra que busca desmantelar a Revolução Bolivariana e obter acesso à vasta riqueza mineral da Venezuela.

Os EUA ampliaram seu confronto para a vizinha Colômbia. Em 24 de outubro, Washington anunciou sanções contra o presidente colombiano, e membro do Conselho da Internacional Progressista, Gustavo Petro, sua família e o Ministro do Interior colombiano— uma escalada dramática que Petro chamou de uma campanha de "intimidação neocolonial".

As medidas foram tomadas após a Colômbia denunciar os ataques aéreos ilegais e a crescente agressão contra seu vizinho, e após Petro e o seu país liderarem denúncias e ações concretas do mundo contra o genocídio americano-israelense em Gaza. Em resposta, Petro prometeu não ceder à pressão imperialista, declarando: "nem um passo para trás e nunca de joelhos".

No dia anterior, 23 de outubro, Trump anunciou que os EUA iniciariam em breve operações terrestres em território venezuelano.


Essas ações vêm sendo recebidas com crescentes protestos na região. Em Cuba, manifestações de massa em Havana e outras cidades atraíram dezenas de milhares de pessoas às ruas em solidariedade à Venezuela, com manifestantes comparando a guerra híbrida dos EUA contra a República Bolivariana às suas próprias experiências sob o bloqueio.

Autoridades cubanas condenaram a crescente militarização da região, com o Ministro das Relações Exteriores Bruno Rodríguez declarando que "os povos da América Latina não permitirão um retorno à era da diplomacia das canhoneiras e da intervenção militar". Cuba também intensificou os esforços diplomáticos dentro da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) para coordenar uma resposta regional unificada à beligerância dos EUA.

A CELAC é um campo de batalha central na luta pela preservação da paz na região. Em 2014, a entidade declarou a região como uma 'Zona de Paz', um compromisso coletivo com a resolução de conflitos por meio do diálogo e não da força, com o respeito à soberania e à não intervenção, e com a construção de uma ordem regional alternativa baseada na cooperação e não na dominação.

Em 23 de outubro de 2025, a Internacional Progressista anunciou a formação de uma nova coalizão hemisférica para defender a 'Zona de Paz' da agressão dos EUA, reunindo dezenas de parlamentares e lideranças políticas de toda a América Latina e Caribe, unindo-se a iniciativas como a Campanha da Black Alliance for Peace por uma Zona de Paz em Nossas Américas.

"Já vivemos esse pesadelo antes", afirmou um comunicado conjunto da coalizão. "As intervenções militares dos EUA no século XX trouxeram ditaduras, desaparecimentos e décadas de traumas às nossas nações. Sabemos o terrível custo de permitir que potências estrangeiras guerreiem em nosso continente. Não podemos—não permitiremos—que a história se repita."

Uma guerra contra a Venezuela repercutiria muito além das fronteiras do país. Os EUA operam dezenas de bases avançadas e outras instalações militares na América Latina e no Caribe. Entre elas, estão diversas instalações importantes na Colômbia—ampliadas após sua integração às estruturas de parceria da OTAN durante a presidência anterior do país—que poderiam servir de plataforma para uma guerra contra a Venezuela e para novos esforços de mudança de regime em toda a região.

O presidente Gustavo Petro deixou claro que a Colômbia não se envolveria em nenhum ataque ao seu vizinho—e enfrenta crescente pressão de Washington por sua posição.

“O Sr. Trump está furioso porque eu não apoio os americanos, com o exército colombiano, para invadir a Venezuela”, disse o presidente Petro em uma entrevista. “Que colombianos estúpidos pensariam em ajudar a invadir seus primos… para que eles sejam mortos como em Gaza?”.

Petro menciona Gaza por um bom motivo. Assim como o bloqueio a Cuba e o genocídio na Palestina, a guerra contra a Venezuela tem um objetivo claro: consolidar o império americano por todos os meios necessários. É por isso que a defesa da soberania da Venezuela, e dos princípios acordados pelas nações da CELAC, é fundamental para a defesa da nossa humanidade coletiva.

Últimas do Movimento

Construindo a Prosperidade Comum na China



Entre 18 e 22 de outubro, a Internacional Progressista juntou-se à Fundação Rosa Luxemburgo de Pequim e ao Instituto Tricontinental de Pesquisa Social em uma viagem de pesquisa coordenada pelo Instituto de História e Literatura do Partido da China. A delegação visitou quatro aldeias na província de Henan que haviam sido retiradas com sucesso da pobreza e agora estão testando a implementação da 'prosperidade comum'—um conjunto de políticas destinadas a elevar drasticamente o padrão de vida, inclusive por meio do desenvolvimento de indústrias locais que possam gerar retorno para as comunidades rurais. Nos próximos meses, o grupo produzirá um estudo conjunto com base em suas descobertas.

Arte da Semana

O Comando Creativo é um coletivo de artistas venezuelanos que surgiu em 2008 como parte da transformação cultural da Revolução Bolivariana, produzindo algumas das imagens visuais mais emblemáticas desse movimento político radical.

O coletivo se dedicou a criar novas formas de comunicação que refletissem e impulsionassem o processo revolucionário de construção de um Estado comunitário baseado na democracia direta e no poder popular. A democratização das ferramentas de comunicação visual era fundamental para o trabalho, no qual as comunidades aprendiam a usar estêncil, serigrafia e muralismo para que pessoas comuns pudessem se tornar produtoras, em vez de meras consumidoras, de mensagens políticas.

Kael Abello, um dos principais membros do coletivo, descreve sua missão estética como fundamentalmente oposta à privatização capitalista: assim como a Revolução Bolivariana buscou socializar o poder político por meio de assembleias comunitárias e autogoverno, o Comando Creativo trabalhou para socializar a produção cultural levando sua arte às ruas, muros e espaços públicos onde a vida coletiva se desenrola.

Junho de 2021 marca o 200º aniversário da Batalha de Carabobo, uma vitória histórica na Guerra da Independência da Venezuela. Foi em Carabobo que Simón Bolívar liderou os patriotas sul-americanos à vitória sobre as forças monarquistas espanholas, abrindo caminho para novos ataques contra o Império Espanhol. Essas lutas pela soberania dariam origem a seis Estados bolivarianos: Bolívia, Colômbia, Equador, Panamá, Peru e Venezuela.

Available in
EnglishGermanPortuguese (Brazil)Spanish
Translator
Andre Carneiro
Date
27.10.2025
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