Statements

A mobilização e a repressão dos movimentos de cidadão/ã(s) continua na RDC

Um activista da República Democrática do Congo (RDC) esboça cinco exigências feitas pelos movimentos de protesto que estão a abalar o país.
Desde as eleições de 2011, e na sequência da Primavera Árabe, vários dos chamados "movimentos de cidadão/ã(s)" formaram-se para promover a alternância política e a aspiração a uma maior democracia na sociedade congolesa. Isto é especialmente verdade para "Lutte pour le changement" (Lucha), o mais influente movimento de cidadão/ã(s) não violentos e não partidários da RDC. Este movimento faz campanha pela mudança e é contra a injustiça social. Da mesma maneira, o movimento Filimbi, que surgiu em 2015, é um dos movimentos mais activos e visíveis da sociedade civil da RDC de hoje.

Estes movimentos têm gerado mobilizações durante várias semanas contra a nomeação de Ronsard Molanda como chefe da Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI). Ao longo dos últimos 15 anos, Molanda ocupou sucessivamente vários cargos, incluindo o de Secretário Executivo Nacional durante o último mandato.

Em Dezembro de 2018, Molanda participou também na organização das eleições presidenciais que colocaram Félix Tshisekedi (do partido da oposição UDPS) no poder. O resto da oposição e da sociedade civil acusaram o CENI de ter "fabricado" estes resultados e reivindicavam a vitória para o candidato da coligação de oposição Lamuka, Martin Fayulu.

Declaração

Desde 4 de Julho, a República Democrática do Congo tem vivido momentos de grande tensão depois de o Presidente da Assembleia Nacional ter tomado a decisão de apoiar Ronsard Molanda como chefe da Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI). Jovens dos movimentos de cidadãos Lucha e Filimbi, partidos políticos, assim como grupos religiosos, responderam ao apelo patriótico de se oporem a esta decisão.

Acabámos por ser detidos e torturados pela polícia uma terceira vez no espaço de uma semana.

No dia 8, 13 e 19 de Julho, os/as nosso/a(s) activistas pró-democracia foram atirados para a prisão solitária pelas forças policiais (polícia nacional congolesa) sem razões válidas, e libertado/a(s) mais tarde nessa noite, depois de terem sido torturado/a(s) e agredido/a(s).

Estas detenções não são um obstáculo para jovens activistas pró-democracia; estão habituado/a(s) a este tipo de repressão e intimidação pelas forças policiais.

Continuaremos a lutar até podermos ver o Novo Congo ganhar vida (onde há paz, segurança, água, estradas, sistemas de saúde e educação...).

emmanuel

O objectivo de todas estas marchas era pedir reformas, uma auditoria à CENI e acções cruciais para reforçar a democracia.

Nós exigimos:

  1. Despolitizar a CENI, exigir justiça e uma auditoria ao registo eleitoral
  2. Realizar um censo geral da população e distribuir cartões de identidade
  3. Reintegrar duas voltas às eleições presidenciais e legislativas
  4. Tornar a descentralização eficaz
  5. Assegurar que a CENI conclua o processo eleitoral

Emmanuel Ndimwiza Murhony nasceu na ilha de Idjwi e tem vindo a lutar contra a injustiça social desde a infância. Ndimwiza Murhony procura mobilizar jovens sobre questões nacionais, e encoraja-os/as a serem cidadão/ã(s) activo/a(s)e a envolverem-se na política da vida quotidiana. Promove também valores republicanos e o diálogo intercultural num contexto de diversidade de ideias e costumes. Questionando a forma como a história e o futuro do Congo é visto, examina os êxitos concretos de cada um/a e de todos/as, a fim de mudar o país.

Available in
FrenchEnglishGermanSpanishPortuguese (Portugal)Portuguese (Brazil)
Author
Emmanuel Ndimwiza Murhony
Translators
Sofia Alcaim and Sara Branco
Date
24.07.2020
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