A explosão de 2.700 toneladas de nitrato de amônia, armazenadas de forma negligente nos últimos 6 anos em um armazém inseguro do porto de Beirute, devastou a cidade em um raio de 10 quilômetros, deixando duzentos mortos, sete mil feridos, dezenas de desaparecidos, milhares de prédios e apartamentos destruídos, trezentos mil desabrigados.
Esta calamidade acontece com o povo do Líbano, já aflito com seu emprego, sobrevivência e futuro devido a uma crise financeira, típica de um esquema de pirâmide, armada pela classe dominante cínica de banqueiros, patrões e políticos. Há meses o povo vinha defendendo a sua dignidade contra uma classe dominante desavergonhada, e agora tem que lidar com as consequências adicionais da pandemia da Covid-19.
Dezenas de milhares de libaneses têm ido às ruas desde 17 de outubro de 2019 para protestar contra a desvalorização da moeda libanesa, o aumento vertiginoso do custo de vida, o desemprego em massa, o aumento da pobreza, a queda do padrão de vida da classe média e o colapso dos serviços públicos de educação, saúde, transporte, etc.
Agora eles estão de volta para denunciar o abominável crime de 4 de agosto, cometido por um governo desastroso contra seu próprio povo, e exigir que todos os culpados sejam responsabilizados por este crime.
Nós, membros da Internacional Progressista, declaramos nossa solidariedade com o povo do Líbano que enfrenta esta catástrofe.
Pedimos que todos os governos progressistas, partidos políticos, sindicatos, organizações da sociedade civil, pessoas públicas e a opinião pública internacional contribuam com sua parte no socorro humanitário internacional de que o povo do Líbano tanto precisa.
Também gostaríamos de estender nossa solidariedade à luta das forças progressistas do Líbano por uma sociedade justa, igualitária, aberta e democrática.
Sabemos que todas as coisas belas são frágeis. Beirute permanecerá bela. Nós a manteremos bela.
Julian Aguon é advogado de direitos humanos e fundador da Blue Ocean Law, uma empresa progressista que trabalha na Oceania na interseção dos direitos indígenas e da justiça ambiental.
Renata Ávila é advogada de direitos humanos internacional. Ela é bolsista do programa Raça e Tecnologia de 2020 no Centro de Estudos Comparativos em Raça e Etnia da Universidade Stanford.
Nick Estes é natural da tribo Sioux Lower Brule, da Dakota do Sul. Ele é professor assistente no Departamento de Estudos Americanos da Universidade do Novo México. Em 2014 ele co-fundou a The Red Nation, uma organização de resistência indígena.
Srećko Horvat é filósofo. Ele tem participado de vários movimentos nas últimas duas décadas. É cofundador do Subversive Festival em Zagreb e, junto com Yanis Varoufakis, fundou o movimento DiEM25.
Giorgio Jackson é político e ativista. Ele começou como um líder nacional em protestos estudantis em 2011. É fundador e o primeiro congressista do partido político Revolução Democrática e da coalizão Frente Ampla, e foi o mais votado nas últimas eleições gerais do Chile.
Ertuğrul Kürkçü é o atual presidente honorário do Partido Democrático do Povo (HDP) na Turquia, e sócio honorário da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (PACE). Foi copresidente do HDP em 2013/2014 e membro do Parlamento por três mandatos seguidos, entre 2011 e 2018.
Harsh Mander é um trabalhador pela paz e os direitos humanos; indiano, é escritor, colunista, pesquisador e professor. Trabalha com sobreviventes de violência e fome em massa, e com pessoas e crianças de rua.
Nanjala Nyabola é escritora, pesquisadora independente e analista política no Quênia. Seu trabalho se centra em conflitos e transições pós-conflitos, com foco em refugiados e migração, assim como a política do leste africano em geral. Ela é autora de Digital Democracy, Analogue Politics e coeditora de Where Women Are.
John McDonnell é Membro do Parlamento britânico, representante de Hayes e Harlington. De 2015 a 2020 foi membro do Gabinete Paralelo como Secretário do Tesouro, sob o líder do partido Jeremy Corbyn.
Aruna Roy é fundadora e membra da Mazdoor Kisan Shakti Sangathan (MKSS), da Campanha Nacional pelo Direito do Povo à Informação (NCPRI) e da Escola pela Democracia (SFD), na Índia.
Ahdaf Soueif é autora do romance bestseller O Mapa do Amor. Sua história sobre a revolução egípcia de 2011, Cairo: a City Transformed, saiu em 2014. Ela é fundadora e presidente do Festival Palestino de Literatura (PalFest) e uma comentarista política e cultural amplamente conhecida.
Ece Temelkuran é uma das mais conhecidas romancistas e comentaristas políticas da Turquia, com publicações no The Guardian, New York Times, New Statesman, e Der Spiegel. Seu recente romance, Women Who Blow On Knots, ganhou o Prêmio Estreante no Festival Internacional de Livros de Edimburgo de 2017. Ela ganhou o Prêmio PEN Translate, o Prêmio New Ambassador of Europe, e o título de cidadã honorária da cidade de Palermo, pelo seu trabalho em nome das vozes oprimidas.
Foto: Gaetano Virgallito