Enquanto as potências ocidentais alimentam um genocídio em Gaza que já matou dezenas de jornalistas e destruiu a liberdade de imprensa em toda a Palestina, o próprio jornalismo foi levado a julgamento esta semana.
Na terça e quarta-feira, a Alta Corte de Londres reuniu-se para ouvir o caso de extradição de Julian Assange para os Estados Unidos. Um dos dois juízes, o juiz Jeremy Johnson, foi especialmente examinado pelas autoridades do Reino Unido para que ele tivesse acesso às informações ultrassecretas e representasse a agência de espionagem MI6 do Reino Unido e o Ministério da Defesa.
Se extraditado, Assange poderá pegar 175 anos em uma prisão de segurança máxima. O seu único crime: a revelação do Wikileaks sobre os crimes de guerra ocidentais no Afeganistão, no Iraque e noutros locais. A decisão do Tribunal Superior não será apenas sobre a liberdade de Assange. Também determinará o direito de saber o que os nossos governos fazem em nosso nome. Assange não está sendo julgado sozinho. O próprio jornalismo está em julgamento.
Na terça-feira, a defesa de Assange defendeu a sua liberdade, o nosso direito de saber e o direito de jornalistas à liberdade de expressão. A defesa argumenta que Assange não só já está gravemente doente depois de cinco anos na prisão de Belmarsh—ele quebrou uma costela só de tossir em dezembro, e estava doente demais para comparecer ao tribunal, mesmo por videoconferência—mas como também que ele não receberá um julgamento justo nos EUA, dado que que a CIA planejava assassiná-lo.
O caso dos EUA contra Assange é, em essência, político. Sua cruzada jornalística revelou os crimes americanos e envergonhou suas agências de três letras. É por isso que ele é o primeiro jornalista na história a ser acusado sob a tutela da Lei de Espionagem dos EUA (US Espionage Act, no original em inglês). Isto por si só deveria anular o caso de extradição: crimes políticos estão isentos de extradição devido ao tratado relevante entre os EUA e o Reino Unido.
Ironicamente, dado que o próprio jornalismo estava em julgamento, o acesso de jornalistas ao processo foi extremamente restrito. Primeiro, o acesso à transmissão ao vivo estava disponível apenas para jornalistas na Inglaterra e no País de Gales—e depois o áudio da transmissão ao vivo foi interrompido. Em segundo lugar, os jornalistas que conseguiram chegar à Alta Corte tiveram de se contentar com uma “galeria sem mesas para tomar notas ou usar computadores”, onde não podiam “ouvir ou assistir à audiência adequadamente”, de acordo com a jornalista italiana Stefania Maurizi.
A audiência terminou sem julgamento, pelo qual provavelmente teremos de esperar mais algumas semanas. Entretanto, a campanha pela liberdade de Assange cresce.
O exterior do Tribunal foi palco de grandes protestos e de uma multidão de meios de comunicação internacionais, onde várias figuras da Internacional Progressista e membros do Tribunal Belmarsh falaram tanto com manifestantes como com os meios de comunicação. Os oradores, tal como fez o Tribunal Belmarsh, descreveram como a liberdade de Julian Assange representa a liberdade de imprensa, como a liberdade de Assange representa a oposição à máquina de guerra.
A Internacional Progressista continuará lutando até que essa máquina tenha sido desmontada.
Desde que Gustavo Petro chegou ao poder em 2022 como o primeiro presidente de esquerda da Colômbia, ele tem enfrentado ataques intermináveis da classe dominante para impedir as suas reformas progressistas.
A guerra jurídica tem sido a principal arma de reação e está se transformando num golpe suave. Assista à senadora Clara Lopez, membra do Conselho da IP, apresentando uma visão panorâmica desse ‘golpe suave’ em um vídeo aqui.
A ocupação israelense da Palestina esteve em julgamento no Tribunal Internacional de Justiça esta semana. 52 países e três organizações internacionais participaram dos processos do TIJ, mais do que em qualquer outro caso na história do tribunal desde 1946. Este caso é separado do caso da Convenção de Genocídio posto pela África do Sul, e segue-se a um pedido da Assembleia Geral da ONU, em Dezembro de 2022, para uma decisão legal do TIJ sobre as práticas de Israel no Território Palestino Ocupado de Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.
Mais uma vez, os Estados Unidos procuraram proteger Israel nos fóruns internacionais. Depois de vetar uma resolução do Conselho de Segurança que apelava a um cessar-fogo em Gaza na terça-feira, os EUA recorreram ao TIJ em Haia para se oporem a qualquer decisão do Tribunal de que Israel deve retirar-se de Gaza e da Cisjordânia, citando “necessidades de segurança muito reais”.
Lina Attalah, editora-chefe do Mada Masr (parceiro da Internacional Progressista), foi libertada sob fiança na terça-feira depois que o Ministério de Apelações do Cairo a questionou sob as acusações de “publicar notícias falsas” e “gerenciar um site sem licença”, disse o advogado do site, Hassan al-Azhari.
O caso, ainda pendente de investigação, foi aberto pela acusação no ano passado com base numa queixa do regulador estatal dos meios de comunicação social sobre um relatório publicado pelo Mada Masr sobre o potencial deslocamento de palestinos e palestinas de Gaza para o Egito.
Attalah foi interrogada durante quase duas horas na terça-feira, numa sessão que contou com a presença de Azhari, da colega advogada Ragia Omran e de advogados da Iniciativa Egípcia para os Direitos Pessoais, da Comissão Egípcia por Direitos e Liberdades e do Sindicato dos Jornalistas. Mahmoud Kamel, membro do conselho do sindicato, também compareceu.
Na quarta-feira, após pressão dos sindicatos e organizações da sociedade civil e de um pedido oficial dos legisladores, o Parlamento Europeu deu mais um passo para banir os crachás de lobistas da Amazon. A chamada “Conferência de Presidentes”, que reúne lideranças de diferentes grupos políticos no parlamento, recomendou aos questores—outro órgão interno eleito para supervisionar questões administrativas que afetam os legisladores—que banissem os representantes da Amazon. A próxima reunião do questor está marcada para a próxima semana, terça-feira, 27 de fevereiro, em Estrasburgo.
Na semana anterior, mais de 30 sindicatos e organizações da sociedade civil, incluindo os membros da coalizão Make Amazon Pay, UNI Europa, Corporate Europe Observatory, SOMO, Berlin vs. Amazon e outros, apoiaram a exigência de membros e membras do Parlamento Europeu de destituir lobistas da Amazon de seu acesso parlamentar. Numa carta aberta à Presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, e ao Colégio dos Questores, eles afirmaram que “o desrespeito da Amazon pelas instituições democráticas da UE não deve permitir que a empresa saia impune”.
Na segunda-feira, 21 jovens organizados pelo Movimento Sunrise, membro da Internacional Progressista, foram presos na sede da campanha de Biden enquanto exigiam que ele declarasse uma emergência climática e parasse de financiar o genocídio da população palestina.
Trabalhadores do setor do petróleo da Colômbia apoiam uma matriz energética pública e limpa
O USO, membro da IP, o sindicato dos petroleiros colombianos, apoiou a visão do presidente Gustavo Petro de transformar a empresa petrolífera estatal, a Ecopetrol, num motor de energia pública e limpa. Comemorando o 102º aniversário da refinaria de Barrancabermeja, o maior complexo industrial de refino da Colômbia, o sindicato declarou:
“O Sindicato está pronto para aderir à proposta do presidente Gustavo Petro de mudar o modelo de gestão [da Ecopetrol] e fazer parte de sua transformação como empresa pública e líder em geração de energia.”
“A Ecopetrol deve ser a grande empresa nacional de energia limpa e o USO está totalmente preparado para colocar sua experiência, seus afiliados e seu conhecimento para contribuir de forma responsável na defesa da soberania nacional e da Ecopetrol.”
This Cannot Be Erased (2022) é uma série de trabalhos digitais feitos pelo artista grego Miltos Manetas. A série iniciada em 23 de Fevereiro de 2020 é parte de um projeto maior focado em Julian Assange como “uma das figuras mais importantes da Internet”. Manetas já criou centenas de trabalhos em solidariedade à Assange, relacionando o confinamento do jornalista ao nosso durante a pandemia. O artista grego também já pintou (e doou) um retrato de Assange para cada dia em que o jornalista está preso. Através da criação e disseminação de imagens, instalações artísticas e exibições de Assange—incluindo no Palazzo delle Esposizioni, 2020, e na 7ª edição do Internet Pavillion da Bienal de Veneza de 2022—Manetas utiliza tanto do poder da internet e da história da arte para assegurar que a história de Assange não seja apagada—confrontando assim aquelas que “detém o monopólio sobre nossos dados e informação”.