Briefing

Newsletter da Internacional Progressista | No. 43  |  Não há paz para os saqueados

Donald Trump insiste que é um pacificador. Mas para quem é realmente essa “paz”?
Na 43ª Newsletter da Internacional Progressista de 2025, além de outras notícias do mundo, nós olhamos para o Sudão, Congo e Palestina—e para os 'acordos de paz' fraudulentos impostos pelos Estados Unidos sobre os povos daqueles países, que somente servem para facilitar a pilhagem continuada de suas terras. Quer receber a nossa Newsletter diretamente no seu email? Inscreva-se através do formulário no final desta página.

Em 17 de novembro de 2025, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução endossando o chamado “plano de paz” de Donald Trump e Benjamin Netanyahu para Gaza. Em comunicado, o Gabinete da Internacional Progressista condenou a proposta ao enxergá-la como um esquema colonial e uma “tentativa calculada de apagar o horizonte da libertação palestina”.

Esta não é a primeira vez que o governo Trump impõe uma suposta “paz” a um povo sitiado. No Sudão, os EUA estão intermediando um “processo de paz” sob a bandeira da Iniciativa Quad—um mecanismo lançado pelos Estados Unidos em conjunto com os Emirados Árabes Unidos (EAU), a Arábia Saudita e o Egito, países que forneceram tropas para a guerra brutal em benefício próprio.

Antes do Sudão, os EUA intermediaram o chamado "Acordo de Washington" para pôr fim aos combates entre a República Democrática do Congo (RDC) e Ruanda. O acordo previa a retirada das tropas ruandesas da RDC e o cessar do apoio do governo congolês às Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda—tudo isso enquanto grande parte da vasta riqueza mineral do Congo ficava sob a tutela dos EUA.

O que esses chamados acordos de 'paz' têm em comum? E a quem servem?

Em cada caso, a 'paz' foi erguida sobre uma fundação violenta e de destruição genocida. As guerras no Congo, Sudão e Palestina mataram coletivamente bem mais de seis milhões de pessoas—na verdade, seis milhões pereceram no banho de sangue de trinta anos apenas na RDC, com centenas de milhares a mais no Sudão e em Gaza—e deslocaram mais de vinte milhões. Aqueles que partiram, e aqueles que permaneceram, agora vivem em condições que ameaçam ceifar mais vidas do que a violência de bombas e balas.

Em cada caso, os principais perpetradores da violência atuaram como procuradores de fato do Ocidente ou receberam apoio militar, econômico ou diplomático, o que lhes permitiu operar com relativa impunidade.

O leste da República Democrática do Congo sofreu massacre após massacre, muitos deles perpetrados diretamente pelas forças ruandesas ou pela milícia apoiada por Ruanda, o Movimento M23. No Sudão, as duas facções rivais—as Forças Armadas Sudanesas (SAF) e as Forças de Apoio Rápido (RSF)—são financiadas, por um lado, pelos Emirados Árabes Unidos e, por outro, pela Arábia Saudita e pelo Egito. Todas fazem parte da 'Iniciativa Quad' e todas recebem amplo apoio dos Estados Unidos. Isso não é um erro político; faz parte de um cálculo estratégico em que a morte e a destruição servem para reproduzir as condições para a hiperexploração de cada país pelo capital ocidental.

Em todos os casos, as iniciativas em direção à 'paz' não impediram os conflitos. Pouco depois da assinatura do 'maravilhoso tratado' de Trump, as forças do M23 lançaram uma nova ofensiva em Rutshuru, exterminando civis hutus, segundo grupos de direitos humanos. Em Gaza, Israel continua a massacrar dezenas de civis todos os dias, apesar do “cessar-fogo”; tudo isso enquanto impede que a ajuda humanitária urgentemente necessária chegue à população faminta de Gaza. E no Sudão, as Forças de Apoio Rápido (RSF) lançaram uma ofensiva catastrófica contra mais de 260 mil civis presos na cidade sitiada de El-Fasher, desencadeando uma matança tão extensa que suas manchas de sangue foram, segundo relatos, visíveis em imagens de satélite.

Diante dessa violência, cada manobra em direção à 'paz' era um ultimato: rendição ou extermínio. De fato, a ameaça era frequentemente feita de forma explícita. Os EUA alertaram que a rejeição de sua proposta para Gaza no Conselho de Segurança da ONU seria “um voto para o retorno à guerra”.

A 'paz' introduzida por esses planos não é para o povo do Congo, do Sudão ou da Palestina. Em vez disso, ao exterminar e empobrecer seus povos, desarmar seus movimentos de resistência e devastar suas terras, esses projetos de 'pacificação' criaram as condições para a pilhagem 'pacífica' de cada Estado pelo capital transnacional. A 'paz' não é para os saqueados, mas para os capitalistas sediados em Tel Aviv, Cairo, Dubai, Riad e, em última instância, Washington, que dividem os vastos recursos disponibilizados pela guerra—enquanto lucram com as bombas e balas que ela produz.

Desde o início do genocídio em Gaza, sindicatos e movimentos populares em todo o mundo se organizaram para paralisar a máquina de guerra e impedir que carregamentos de armas chegassem às forças de ocupação israelenses. No Reino Unido, ativistas forçaram a Elbit Systems, a maior fabricante de armas de Israel, a fechar suas fábricas. Na Itália, Grécia, Espanha e outros países, estivadores bloquearam navios que transportavam carga militar para a ocupação — assim como as campanhas No Harbour for Genocide (Sem Portos para o Genocídio) e Mask Off Maersk (Desmascarando a Maersk).

Agora, ativistas estão pedindo a prorrogação desse embargo popular de armas. A Frente de Resistência Sudanesa, por exemplo, convocou um Embargo Popular de Armas para o Sudão, com o objetivo de expor a cumplicidade imperial na violência e desarticular a máquina de guerra, mobilizando-se em portos, embaixadas e fornecedores de armas para bloquear o fluxo de armamentos.

Existe um denominador comum na violência que assola cada vez mais todas as nossas sociedades: o imperialismo e a sua busca incessante pelo lucro. Para que a paz triunfe, a máquina da guerra precisa ser derrotada, em sua raiz e em todas as suas fronteiras.

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Date
24.11.2025
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