Newsletter da Internacional Progressista | No. 13 | O pêndulo oscila

Com a liderança de Moçambique, os dez membros não-permanentes do Conselho de Segurança da ONU aprovaram uma resolução de cessar-fogo.
Na 13ª Newsletter da Internacional Progressista de 2024, além de outras notícias do mundo,nós analisamos o papel de liderança que o Sul Global vem tomando na defesa da Palestina e na reformulação da ordem mundial. Quer receber a nossa Newsletter diretamente no seu email? Inscreva-se através do formulário no final desta página.
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Esta semana, Moçambique liderou os outros nove membros não permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas a aprovar a primeira resolução do Conselho de Segurança para um cessar-fogo imediato em Gaza. A medida é temporária, abrangendo apenas as duas semanas restantes do Ramadã. Os EUA, enfrentando pressões internas e externas, abstiveram-se. Em seguida, a representação americana agiu rapidamente para minar a resolução, alegando falsamente que ela era “não-vinculativa”.

Aqui vemos a contínua influência e impotência do Império. O ataque genocida de Israel a Gaza não só transformou os EUA num pária global, mas também destruiu profundamente a imagem da hegemonia que paira sobre o poder nu dos EUA.

Quando a hegemonia funciona de maneira eficaz, um dado interesse restrito—de um Estado ou de uma classe—substitui o interesse geral. Considere, por exemplo, as referências à “comunidade internacional” nas décadas de 1990 e 2000, que normalmente se referiam apenas aos EUA e aos seus subordinados, ou ainda como o desempenho do mercado de ações é considerado por grande parte dos meios de comunicação como um indicador do bem-estar nacional. 

Mas essa estreita “comunidade internacional” está agora isolada e vem diminuindo ainda mais. O pêndulo da liderança moral oscilou do Norte para o Sul Global.

Esta mudança histórica e global no sistema internacional está agora bem encaminhada. Os seus impactos serão sentidos na Palestina e estender-se-ão a todos os cantos do nosso planeta. Os países do Sul lideraram a oposição aos crimes de Israel contrao povo palestino: Brasil, Indonésia, China, Colômbia, Iémen e África do Sul, todos contribuindo.

No Norte, este processo vem tendo um efeito radicalizador em setores da população. As elites norte-americanas, britânicas e alemãs que apoiam Israel ao máximo encontram-se cada vez mais em descompasso com o público em geral—e respondem com medidas repressivas que apenas aceleram a radicalização do povo. A maioria quer o fim da violência—e o fim da venda de armas que a facilita.

Milhões de pessoas juntaram-se aos protestos pela Palestina, juntando-se à revolta contra a dominação violenta que está em curso no Sul. Esta pressão política vem diminuindo a lista de Estados subordinados em que os EUA podem confiar. O Reino Unido, geralmente o confiável “irmão mais novo” do Império, votou nesta semana a favor da resolução de cessar-fogo do Conselho de Segurança encabeçada por Moçambique. Recém-acabado de criticar pessoalmente o presidente dos EUA—e orgulhoso irlandês-americano—Joe Biden pelo seu papel no genocídio, o governo irlandês anunciou que se vai juntar ao caso da África do Sul ao abrigo da Convenção sobre Genocídio no Tribunal Internacional de Justiça.

No entanto, o genocídio continua. As armas provenientes de todo o Norte Global continuam a destruir vidas palestinas. A fome assola Gaza—uma arma de guerra deliberada. Os danos à saúde, às infra-estruturas, e à psique estão aumentando e durarão muito tempo.

Temos de acelerar o processo de isolamento do império dos EUA e o seu apoio a Israel para pôr fim à devastação o mais rapidamente possível. Isso significa mais pressão política, mais marchas, mais bloqueios, mais embargos de armas, mais ação direta, mais coordenação, toda e qualquer tática. Todas se movendo na mesma direção: pressionar a máquina de guerra EUA-Israel para que a Palestina possa respirar.

Mas assim que o povo palestino tiver espaço para respirar, teremos oportunidade de ir muito mais longe, tanto na Palestina—na sua luta de libertação nacional total—como no sistema mundial.

Não se pode permitir que o império dos EUA e o capital multinacional afirmem que agem no interesse da humanidade. Eles são nossos opressores, não nossos líderes valorosos.

Hoje, o pêndulo oscila. Nossa tarefa é levá-lo ainda mais longe

Últimas do Movimento

A OTAN faz 75 anos

A OTAN foi fundada há 75 anos, em 4 de Abril de 1949. Desde então, tem sido uma força reacionária de divisão e guerra—tanto dentro da Europa como fora dela. No seu 75º aniversário, forças progressistas em todo o mundo estão se mobilizando a fim de colocar um ponto final na OTAN. Você pode participar de uma ação ou planejar a sua própria aqui.

Assange não será extraditado (por enquanto)

Na terça-feira, a Suprema Corte do Reino Unido ofereceu um vislumbre de esperança de que Julian Assange será libertado. O Tribunal ordenou que os EUA fornecessem garantias adicionais de que Assange poderia confiar na Primeira Emenda dos EUA—que garante a liberdade de expressão—que não seria discriminado devido ao seu estatuto de cidadão estrangeiro e que não enfrentaria a pena de morte.

Os EUA procurarão fornecer estas garantias, que serão então debatidas numa nova audiência judicial em 20 de Maio. Resta saber o quanto podem valer essas garantias por parte de um Estado que conspirou para assassinar Assange.

A Internacional Progressista esteve presente na Suprema Corte na terça-feira, com o membro do Conselho Jeremy Corbyn mostrando o seu apoio à multidão e aos meios de comunicação presentes. Assista sua entrevista ao Democracy Now aqui.

Parlamentares do Reino Unido demandam um embargo de armas à Israel

Na quarta-feira, Zarah Sultana, membra do Conselho da Internacional Progressista e deputada britânica, organizou 134 de seus colegas parlamentares de vários partidos políticos a fim de que eles e elas pedissem uma suspensão imediata das vendas de armas do Reino Unido a Israel. A exigência é o mais recente movimento de políticos de países exportadores de armas que procuram acabar com a cumplicidade dos seus países na destruição de Gaza por Israel.

A Internacional Progressista em Roatán

No âmbito da campanha Honduras Resiste, a Internacional Progressista enviou uma delegação internacional à ilha de Roatán. A delegação visitou Crawfish Rock, a comunidade que fica ao lado da Próspera, uma empresa norte-americana que funciona como uma zona econômica especial (conhecida como ‘ZEDE’) na ilha.

A Próspera busca mais de US$ 10 bilhões— um terço do PIB de Honduras—como compensação pela decisão do país de derrubar a lei que instituiu as “ZEDEs”; que cedeu o território hondurenho a empresas estrangeiras como Próspera para fundar cidades privadas que operam quase sem levar em conta questões trabalhistas, ambientais, ou regulamentações sanitárias.

A delegação da IP—que incluía Guillaume Long, Ana Caistor Arendar, José Miguel Ahumada e Christian Pino—viajou para Roatán para ouvir diretamente a comunidade afetada pela Próspera. Crawfish Rock é o lar de algumas centenas de pessoas de ascendência negra caribenha, em sua maioria de língua inglesa, que estão preocupadas com o que vai acontecer com suas terras ancestrais. Membros da comunidade falaram sobre como “a ZEDE está destruindo a praia, os manguezais e a floresta”.

“Somos um país livre, soberano e independente e eles precisam seguir as nossas leis, tal como em qualquer outro país.”

Em Birmingham, Trabalhadores e trabalhadoras da Amazon estão em greve

Mais de 200 trabalhadores e trabalhadoras entraram em greve durante dois dias, na quarta e quinta-feira desta semana, num armazém da Amazon perto de Birmingham, Inglaterra. Os trabalhadores estão exigindo um salário mínimo de £15 por hora (aproximadamente R$ 100,00) e o reconhecimento do seu sindicato, o GMB.

A Prefeita mais jovem do Equador é assassinada

Brigitte García, a prefeita mais jovem do Equador, foi assassinada. A Internacional Progressista se solidariza com amigos, amigas,  familiares, eleitores, eleitoras e com a Revolução Cidadã, o movimento político ao qual pertenceu.

História da classe trabalhadora em Húngaro

Mercé, parceira da Agência da IP, está unindo forças com o Théâtre le Levain, liderado pelo amigo e voluntário de longa data da divisão de traduções da IP, Attila Piroth, para lançar a edição húngara de Working Class History (História da Classe Trabalhadora)—uma iniciativa que fará com que eles publiquem traduções húngaras de livros de vários Membros do Conselho da IP. Você pode ler mais sobre a iniciativa e oferecer seu apoio aqui: https://bit.ly/Levain-MOT 

Arte da Semana: The Future is Collective Liberation (O Futuro é Libertação Coletiva, em tradução livre) é uma obra de arte de edição limitada criada especialmente para a Internacional Progressista pela estimada criadora e apresentadora de podcast Kamea Chayne.

A oliveira antiga representa o enraizamento do povo palestino nas suas terras ao longo de centenas de anos de cultivo, apesar do Nakba em curso. A árvore se regenerou completamente após o corte anterior de galhos. Ela estende-se além das fronteiras de um nascer do sol vermelho, lembrando-nos que cada dia traz novas possibilidades de transgredir a opressão.

Available in
EnglishGermanPortuguese (Brazil)SpanishFrench
Translator
Cristhiano Duarte Silva
Date
29.03.2024
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