No dia 1º de novembro de 2025, o Ministro-Chefe Pinarayi Vijayan, do Partido Comunista da Índia (Marxista) (PCIM), anunciou que o estado de Kerala estava “livre da pobreza extrema”—um ano antes do previsto. É o único estado a alcançar esse marco em um país com a maior população vivendo em extrema pobreza no mundo.
O Projeto de Erradicação da Pobreza Extrema (PEPE) representa uma conquista histórica para o povo de Kerala. O estado do sudoeste da Índia há muito tempo figura entre os mais pobres do país. Nas décadas de 1970 e 1980, a renda em Kerala correspondia a aproximadamente dois terços da média nacional. Na década de 2000, a renda no estado disparou, superando a do restante da Índia e, em 2022, era mais de cinquenta por cento maior. Em poucas décadas, Kerala se tornou um dos estados mais ricos da Índia.
A conclusão do PEPE é uma grande vitória para o PCIM—e uma prova da força de sua organização. Anunciado em 2021, o projeto começou com um levantamento exaustivo, de porta em porta, liderado por governos locais e organizações comunitárias como a Kudumbashree, uma rede cooperativa de mulheres com mais de quatro milhões de membros.
Foram identificados 64.006 casas, compreendendo cerca de 103.000 indivíduos, que continuavam a viver em condições de “extrema privação”. Para cada uma delas, as assembleias locais elaboraram um microplano detalhando as intervenções específicas necessárias: habitação, saúde, emprego, títulos de propriedade, pensões ou acesso à proteção social. Ao contrário dos programas de bem-estar social impostos de cima para baixo, estes eram projetos participativos que ganharam forma nos bairros e panchayats (conselhos de vilarejos, n.t.), garantindo que ninguém fosse deixado de fora do processo que determinava o seu próprio futuro.
“Esta iniciativa histórica foi lançada envolvendo pessoas de todos os setores da sociedade e incorporando ideias que surgiram da participação e opiniões delas mesmas”, disse o Ministro-Chefe Vijayan. “O processo de erradicação da pobreza extrema é uma continuação de esforços anteriores, como a universalização do Sistema Público de Distribuição e iniciativas para eliminar a falta de terras e de moradia”.
A eliminação da pobreza extrema faz parte de uma trajetória muito mais longa de construção socialista em Kerala, que começou com reformas agrárias radicais instituídas por forças comunistas no final da década de 1960. Essas políticas expropriaram terras privadas e as redistribuíram para trabalhadores e trabalhadoras sem-terra, lançando as bases para os notáveis indicadores sociais de Kerala: alfabetização quase universal, uma das menores taxas de mortalidade infantil no Sul Global e a maior expectativa de vida na Índia.
O sucesso de Kerala na eliminação da pobreza extrema também representa uma vitória para o movimento comunista mundial, que alcançou avanços históricos na melhoria dos padrões de vida. Em fevereiro de 2021, a China tornou-se o primeiro país do mundo a erradicar a pobreza extrema, tendo retirado os 98,99 milhões de habitantes restantes da pobreza absoluta uma década antes do previsto. O Vietnã, que obteve resultados impressionantes em seus esforços de combate à pobreza, pretende erradicar completamente a pobreza extrema até 2030.
A vitória de Kerala contrasta fortemente com o panorama em outras partes do país. Em toda a Índia, a desigualdade atingiu níveis recordes, com o 1% mais rico agora detendo mais de 70% da riqueza. Milhões permanecem desnutridos, desempregados e endividados, enquanto o governo central corta gastos públicos e privatiza serviços essenciais. Da mesma forma, os sucessos da governança socialista em outros lugares representam um grande afastamento da norma global. A humanidade enfrenta privações extremas e crescentes em todo o mundo. Hoje, mais de dois bilhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar. Mais de três bilhões de pessoas não têm acesso a um fogão. Quase quatro bilhões de pessoas não têm instalações sanitárias seguras e até cinco bilhões não têm acesso a serviços básicos de saúde.
Essa extrema dificuldade é uma catástrofe no Sul Global, mas afeta cada vez mais também aqueles que vivem nas metrópoles imperiais. Segundo a Oxfam, mais de 40% da população dos EUA—incluindo 48,9% das crianças—viviam na pobreza em 2024. Esses números estão aumentando à medida que a classe dominante capitalista se apropria de parcelas cada vez maiores da riqueza global.
O estado de Kerala demonstra o que os socialistas já sabem há muito tempo: que as soluções para a pobreza existem, que são relativamente fáceis de implementar e que a única coisa que as impede é a sede insaciável de lucro capitalista.
Em 30 de outubro, mais de 30 movimentos de todo o mundo—incluindo o Abahlali, o Congreso de los Pueblos e o Movimento da Juventude Palestina, membros da Internacional Progressista—divulgaram uma declaração condenando a escalada das operações militares dos EUA contra a Venezuela. Eles alertaram que a escalada não é apenas um ataque ao socialismo e à soberania latina-americana, mas parte de uma “guerra mundial em câmera lenta” mais ampla—um plano dos estrategistas dos EUA para escalonar os ataques contra os adversários, desgastando-os um a um.
Você pode ler a declaração aqui.
Siddhesh Gautam é um artista multidisciplinar radicado em Delhi que frequentemente chama a atenção para o movimento anti-castas na Índia. Este é um desenho feito por Siddhesh de Mahatma Ayyankali, um importante líder na luta contra a discriminação de castas em Kerala, cujas ideias e coragem continuam a inspirar milhões de pessoas em todo o país.
Ayyankali nasceu em 1863 em uma comunidade Dalit chamada Pulayars. Durante sua vida, os Dalits eram proibidos de andar em vias públicas, ir à escola ou entrar em templos. Mesmo assim, Ayyankali desafiou as cruéis regras do sistema de castas, sendo um de seus protestos mais impactantes percorrer as ruas onde os Dalits eram proibidos, em uma carroça puxada por bois. Isso chocou as castas superiores e deu confiança a muitos outros. Ayyankali também lutou pela educação dos Dalits e, quando as escolas se recusaram a admiti-los, ele mesmo fundou outras, acreditando que a educação era o caminho para a liberdade.