Welcome to the Progressive International

Sign up now to receive breaking news and important updates from struggles across the world.We protect your data and never send spam.

Briefing

Newsletter da Internacional Progressista | No. 9 | Não é um Trabalho de Amor

Reconhecimento e remuneração pelo trabalho doméstico não é só sobre compensação: é sobre justiça!
Na 9ª Newsletter da Internacional Progressista de 2025, além de outras notícias do mundo, nós nos dedicamos à celebração do Dia Internacional das Mulheres, centrando nossa análise no trabalho doméstico e na luta pela sua valorização. Quer receber a nossa Newsletter diretamente no seu email? Inscreva-se através do formulário no final desta página.

O trabalho doméstico—do cuidado de crianças ao cuidado de idosos e idosas; do ato cozinhar ao limpar—sustenta economias, famílias e sociedades. No entanto, esse trabalho continua sistematicamente excluído de métricas econômicas, estruturas políticas e reconhecimento público. Essa invisibilidade não é acidental; é uma característica estrutural de um sistema econômico que depende da exploração de trabalho não remunerado e mal pago, desproporcionalmente realizado por mulheres. Nesse 8 de março, enquanto o mundo celebra o Dia Internacional da Mulher, voltamos nossa atenção para o trabalho que sustenta economias, famílias e sociedades, mas que permanece invisível: o trabalho do cuidado não remunerado e subvalorizado.

Como escreveu Silvia Federici, membra do Conselho da Internacional Progressista, em Wages Against Housework (Salários contra o Trabalho Doméstico, em Português), “Dizer que queremos salários para o trabalho doméstico é expor o fato de que o trabalho doméstico já está produzindo valor e que as mulheres são escravas de um sistema salarial que as explora por meio de trabalho não remunerado”.

Neste Dia Internacional das Mulheres, dizemos: este trabalho não é um trabalho de amor. É um trabalho—e já está na hora de ser reconhecido, remunerado e respeitado.

Do México ao Brasil, da Espanha à África do Sul, movimentos feministas, formuladores e formuladoras de políticas vem liderando esforços transformadores para corrigir essa desigualdade. Isso inclui políticas inovadoras, como sistemas de assistência social, direitos trabalhistas para trabalhadoras domésticas e modelos inovadores de compensação para o trabalho do cuidado.

Em 2011, a Organização Internacional do Trabalho deu um passo histórico com a adoção da Convenção 189, que estabeleceu padrões globais para os direitos das pessoas envolvidas em trabalhos domésticos, incluindo salários justos, horas de trabalho razoáveis ​​e seguridade social. Mais de 30 países ratificaram a Convenção até 2023, com o Uruguai liderando o grupo em 2012 ao implementar leis que garantem aos  trabalhadores e as trabalhadoras domésticas—mulheres, em sua enorme maioria—acesso à seguridade social, licença remunerada e proteções de salário mínimo.

O Brasil seguiu o exemplo em 2013 com uma emenda constitucional que garantiu às trabalhadoras domésticas os mesmos direitos trabalhistas que os demais trabalhadores e trabalhadoras, incluindo pagamento de horas extras, seguro-desemprego e uma semana de trabalho máxima de 44 horas. A Espanha também formalizou o trabalho doméstico em 2012, exigindo contratos, contribuições previdenciárias e acesso a benefícios de desemprego.

Na África do Sul, o governo alterou suas leis trabalhistas em 2013 para incluir o trabalho doméstico dentro da Lei das Condições Básicas de Emprego, garantindo salário mínimo, licença remunerada e indenização por rescisão. As Filipinas aprovaram a Batas Kasambahay (Lei do Trabalho Doméstico) no mesmo ano, exigindo contratos escritos, salário mínimo e cobertura de previdência social. A Argentina também tomou medidas significativas, aprovando uma lei em 2013 que concedeu às trabalhadoras domésticas acesso a pensões, férias remuneradas e licença-maternidade.

Esses esforços nacionais são complementados pela incansável defesa de movimentos sociais e sindicatos. A campanha #WagesForHousework (#SalariosParaTrabalhoDomestico), um movimento feminista global, vem pressionando pelo reconhecimento e remuneração do trabalho doméstico e de cuidados não remunerado em países como Itália, Reino Unido e EUA. Nos Estados Unidos, a National Domestic Workers Alliance (NDWA) tem feito lobby com sucesso por projetos de lei estaduais, como o Domestic Workers Bill of Rights (Lei dos Direitos do Trabalho Doméstico) em Nova York (2010) e Califórnia (2013), garantindo pagamento de horas extras, dias de descanso e proteções contra assédio.

A International Domestic Workers Federation (IDWF), uma federação global de sindicatos de trabalhadorxs domésticxs, tem sido fundamental na defesa dos direitos trabalhistas, incluindo campanhas para a ratificação da Convenção 189 da OIT e reformas de políticas nacionais. Na África do Sul, a campanha “Care Work is Work” (“Trabalho Doméstico é Trabalho”), liderada pelo South African Domestic Service and Allied Workers Union (SADSAWU), pressionou pela inclusão de trabalhadorxs domésticxs nas leis trabalhistas e proteções sociais.

Partidos políticos e governos também têm tomado medidas ousadas. O Sistema Nacional de Assistência do México, proposto em 2020 pelo presidente Andrés Manuel López Obrador, busca reconhecer e apoiar o trabalho do cuidado não remunerado, incluindo o trabalho doméstico. O Partido Trabalhista da Nova Zelândia implementou um acordo de equidade salarial em 2017 para trabalhadores e trabalhadoras do cuidado e do suporte, incluindo trabalhadorxs domésticxs. Na Índia, o rascunho da Política Nacional para o Trabalho Doméstico (2021) propõe salários mínimos, previdência social e mecanismos de reparação de queixas.

Iniciativas de base também desempenharam um papel crucial. No Quênia, a Campanha “We Are Visible” (“Nós Somos Visíveis”), liderada pelo Kenya Union of Domestic, Hotels, Educational Institutions, Hospitals, and Allied Workers (KUDHEIHA, Sindicato Quêniano de Trabalhadores e Trabalhadoras domésticas, do ramo hoteleiro, das instituições educacionais, hospitais e trabalhadores aliados), aumentou a conscientização sobre os direitos de trabalhadorxs domésticxs. Na Suíça, a Campanha “My Fair Home” (“Minha Casa Justa”) da Swiss Labour Assistance (SLA) promoveu condições de trabalho justas para trabalhadoras domésticas em domicílios particulares.

A demanda por reconhecimento e remuneração pelo trabalho doméstico não é apenas sobre compensação: é sobre justiça. É sobre reconhecer que esse trabalho já produz imenso valor e que sua invisibilidade perpetua a desigualdade.

Neste Dia Internacional das Mulheres, celebramos o progresso alcançado e nos comprometemos novamente com a luta por um mundo onde o trabalho do cuidado seja valorizado, visível e compensado de forma justa.

Estamos publicando vídeos de lideranças feministas nas nossas redes sociais para dizer que o trabalho doméstico não é um trabalho de amor. 

Junte-se a nós.

Últimas do Movimento

Os ataques de Trump à África do Sul são um castigo pela sua independência 

A acadêmica Ruth Wilson Gilmore e o membro do Conselho da IP, Achille Mbembe, escreveram no The Guardian esta semana sobre o ataque do presidente dos EUA, Donald Trump, à África do Sul como uma punição por sua coragem de traçar um curso independente para a justiça racial e solidariedade com a Palestina.

Em face desses ataques, os autores pedem por “ação multilateral rápida” para substituir o apoio aos mecanismos de controle, combate e prevenção contra o HIV/AIDS que os EUA retiraram. Eles argumentam que “as várias indústrias farmacêuticas espalhadas pelo sul global deveriam ser transformadas para produzir aquilo que as pessoas precisam”.

Leia o artigo completo (em inglês) aqui.

O projeto de décadas da Internacional Reacionária que produziu Trump e outros

David Adler, Co-Coordenador Geral da Internacional Progressista, foi entrevistado na Novara Media sobre a Internacional Reacionária. Adler explicou que o Trumpismo é o ápice de um projeto de construção reacionária de décadas.

A Internacional Progressista fundou um consórcio de pesquisa, A Internacional Reacionária, para mapear forças reacionárias e fornecer recursos para aquelxs que se opõem a elas.

Ouça a entrevista (em inglês) aqui.

A Longa Guerra Contra Cuba

Na semana passada, a Internacional Progressista co-organizou com o Columbia Center on Sustainable Investment (CCSI) uma conferência virtual para explorar a questão multifacetada das sanções contra Cuba, reunindo especialistas e partes interessadas para discutir o impacto, a legalidade e o potencial de mudança das sanções. 

Você pode assistir ao evento aqui e a um clipe da contribuição de Jeff Sachs, apelando à solidariedade regional diante da agressão dos EUA, aqui.

Você é um pesquisador?

A Movement Research Unit, uma rede de pesquisadorxs que apoia grupos e movimentos a ter poder transformativo e a buscar as estratégias mais eficazes para tal, está recrutando para um cargo de coordenação de pesquisa. 

A função seria de um membro da equipe principal com uma sólida formação em pesquisa, para dar suporte à nossa rede de pesquisadorxs voluntárixs e grupos de movimento. 

Para mais informações sobre essa função, com sede em Londres, consulte a chamada aqui.

Arte da Semana

It Takes A Village é uma pintura bordada de mídia mista de Dana Barqawi inspirada na maternidade indígena como uma forma de resistência ao colonialismo. A obra de arte retrata uma mãe revolucionária abraçada por uma ancestralidade materna estendida que “sussurra gerações” de conhecimento enquanto amamenta calmamente seu bebê. Ela é adornada com plantas e flores tradicionais, representando uma conexão com a terra por meio do cultivo.

Dana Barqawi é uma artista multidisciplinar e planejadora urbana, baseada em Amã, Jordânia. Seu trabalho é centrado em torno da contação de histórias—desafiando narrativas coloniais, explorando identidades indígenas e feminilidade—em uma tentativa de desenvolver alfabetização visual e posicionar a história indígena dentro de um campo de poder.

Navigated to Newsletter da Internacional Progressista | No. 9 | Não é um Trabalho de Amor