A palha que quebrou as costas do camelo. Há uma razão pela qual esse ditado pode ser tão facilmente entendido. Muitos sistemas sociais, bem como físicos, mudam de estado de maneiras repentinas e não-lineares. É por isso que a revolução, como disse Mandela, “parece impossível até que seja feita”.
E o mesmo acontece com a libertação palestina. A situação objetiva parece extremamente sombria. O balanço de forças parece estar do lado do império e do genocídio. Cada ato de resistência ou solidariedade pode parecer de Sísifo, com a pedra nunca atingindo o topo da montanha.
Mas então, de uma forma que pareceria impossível antes, a palha quebra as costas do camelo, a dinâmica muda e o caminho se torna ladeira abaixo.
É exatamente por isso que nós temos muitas táticas para um único objetivo: a libertação da Palestina.
Esta semana, a Internacional Progressista combinou quatro táticas distintas para acumular mais palhas nas costas do camelo, para alterar gradualmente o balanço de forças.
Primeiro, na segunda-feira, lançamos um chamado, publicizado pelo Middle East Eye, de uma coalizão de organizações palestinas para um “embargo total do setor energético” a Israel até que este ponha fim à sua guerra na Faixa de Gaza. A coalizão apela ao fim imediato das exportações de energia para Israel e para seus apoiantes ocidentais—visando as importações de energia israelenses e o desinvestimento em projetos energéticos de Israel. Explicando a lógica de um embargo energético, os grupos argumentam na sua declaração de lançamento que “o fornecimento de energia é fundamental para a máquina de guerra de Israel: para operar os tanques do exército, veículos blindados de transporte de pessoal, navios e escavadeiras militares, incluindo combustível de aviação especializado que permite que os jatos israelenses façam chover morte e destruição sobre Gaza.”
Depois, na segunda e terça-feira, ativistas de todo o mundo tomaram medidas diretas e coordenadas contra a máquina de guerra de Israel. Foi o segundo dia de ação global contra a Elbit Systems, a maior empresa de armas de Israel, que fornece às Forças de Ocupação 85% dos seus drones e equipamento terrestre, juntamente com uma vasta gama de outras tecnologias, munições e armas. E no Canadá, o Movimento da Juventude Palestina, membro da IP, tomou medidas contra a TTM Technologies e os grupos Safran.
Hoje, mais de 200 legisladores de treze países que exportam armas para Israel uniram-se para se comprometerem com um embargo a entrega de armas. Numa carta aberta coordenada pela Internacional Progressista, publicada hoje, 218 legisladores de treze países declararam o seu “compromisso de acabar com as vendas de armas das nossas nações ao Estado de Israel”. Os legisladores, que atuam nos parlamentos de países que exportam armas ou peças para Israel, argumentam que “não serão cúmplices da grave violação do direito internacional por parte de Israel” e, em vez disso, apelam a um embargo de armas, comprometendo-se a “uma ação imediata e coordenada em (suas) respectivas legislaturas para impedir que nossos países armem Israel.”
Os signatários reunidos pela Internacional Progressista (IP) têm assento nos parlamentos dos países que exportam armas ou peças para Israel: Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Canadá, França, Espanha, Holanda, Bélgica, Brasil, Austrália, Turquia, Portugal e Irlanda.
Eles incluem onze lideranças atuais ou antigas de partidos políticos. Figuras políticas proeminentes que aderiram à convocação incluem a representante dos EUA Rashida Tlaib, o ex-líder trabalhista do Reino Unido—e membro do Conselho da IP—Jeremy Corbyn, o líder do Partido Verde australiano Adam Bandt, o coordenador do La France Insoumise Manuel Bompard e todos os deputados da LFI, o presidente do Partido dos Trabalhadores da Bélgica Peter Mertens, o deputado canadense e membro do Conselho da IP Niki Ashton, o deputado brasileiro e membro do Conselho da IP Guilherme Boulos, o ex-líder do Die Linke Bernd Riexinger, o líder do Podemos Ione Belarra bem como todo o grupo plurinacional de deputados de Sumar, o líder do Partido Socialista Holandês Jimmy Dijk, o TD irlandês Thomas Pringle, o ex-copresidente do Partido Democrático Popular Sezai Temelli e a Coordenadora Nacional do Bloco de Esquerda de Portugal Mariana Mortágua.
A ação dos parlamentares é apoiada pelo fundador do La France Insoumise, Jean-Luc Mélenchon, pelo ministro do governo espanhol, Pablo Bustinduy, e pelo proeminente político indiano Jignesh Mevani.
Leia a carta na íntegra aqui e leia a cobertura da iniciativa no The Guardian, na Agência EFE, no Le Monde, na Folha de São Paulo, no Lusa, na Al Jazeera, no Duvar e no Bianet.
E, finalmente, amanhã, a Internacional Progressista, juntamente com a International People’s Assembly, a ALBA Movimientos e o Pan-Africanism Today, emitirá um apelo para um Dia Internacional de Ação no dia 2 de Março para exigir o fim do ataque genocida de Israel a Gaza.
O caminho para a libertação é longo e tortuoso, mas o povo Palestino—com a ajuda da solidariedade ativa dos povos do mundo—irá atingir o seu objetivo.
O Parlamento Europeu decidiu banir os lobistas da Amazon. A falta de respeito da Amazon pelas instituições democráticas foi firmemente repreendida hoje, quando as autoridades do Parlamento Europeu proibiram os lobistas da Amazon de possuírem crachás de acesso.
Quando os lobistas da Amazon se recusaram repetidamente a comparecer às audiências e cancelaram uma visita de membros do Parlamento Europeu para investigar as condições de trabalho nos armazéns da Amazon, foi a soma da coligação de legisladores da UE, uma carta dos membros do Make Amazon Pay e a pressão pública de uma petição que muitos de vocês assinaram que fez com que nossa demanda fosse além cruzasse a linha da inércia.
A história recebeu cobertura proeminente da mídia, por exemplo, no Financial Times.
Membro da IP, o partido político tanzaniano ACT-Wazalendo terá uma nova liderança no próximo mês. Líder desde a fundação do partido em 2015 e membro do Conselho da IP, Zitto Kabwe, decidiu renunciar ao cargo depois de quase uma década no cargo.
O CORE, membro da Internacional Progressista, tem organizado ações nacionais na Nigéria como parte da Frente de Ação Conjunta para protestar contra o rápido aumento do custo de vida.
Os protestos começaram na segunda-feira, 26 de Fevereiro, exigindo uma reversão da política emblemática do Presidente Tinubu de aumentar os preços dos combustíveis, o que causou enormes aumentos nos preços dos bens essenciais do dia-a-dia, como o arroz e o óleo de cozinha.
O Movimento Juntos (Movement Together), membro da IP, organizou protestos esta semana contra um novo ataque do governo à natureza e em apoio às pensões e benefícios de mineiros e ex-mineiros. O partido argumenta que o governo deseja “tratar a natureza como um canteiro de obras”.
Num comício de mineiros e ex-mineiros fora do Ministério de Infraestruturas e Energia, o partido apelou a “aposentadorias completas antecipadas e uma série de benefícios sociais e de saúde para eles e suas famílias”.
Arte: Palestina Livre é um pôster distribuído gratuitamente por Laura Anastasio presente no Projeto Palestina Livre (Free Palestine Project)—uma coleção sem fins lucrativos com curadoria de pôsteres gratuitos enviados por designers de todo o mundo.
Laura Anastasio é uma artista visual italiana radicada em Milão. Ela trabalhou em vários projetos de libertação, incluindo cartazes para o movimento Iranian Women Life Freedom, um apelo à abertura das fronteiras do Afeganistão para a Europa, e desenhou uma capa para o famoso ensaio feminista de Virginia Woolf de 1929: A Room of One’s Own. Seus pôsteres da Palestina Livre, que também tem sido impressos como adesivos, podem ser baixados para distribuição gratuita aqui.
O cartaz é uma celebração da cultura palestina, apresentando os padrões bordados do keffiyeh nas cores da bandeira e um olhar penetrante que representa a resiliência e a resistência do povo palestino. Laura é consciente do poder político das imagens e usa a sua arte de cartazes como uma ferramenta de ativismo em prol do progresso e da libertação.
