Labor

'O empobrecedor dos trabalhadores': Fortes mobilizações contra Milei na Argentina

‘Outra Argentina é possível’: Mobilização na Plaza de Mayo contra as políticas de Milei
Uma grande mobilização reuniu sindicatos, movimentos sociais e organizações de direitos humanos na Plaza de Mayo para protestar contra as políticas econômicas e sociais do governo de Javier Milei, destacando a união na resistência e nas demandas por justiça social sob o lema ‘Outra Argentina é possível’.

Em uma demonstração impressionante de união, sindicatos, movimentos sociais e organizações de direitos humanos lotaram a Plaza de Mayo na quinta-feira, 5 de dezembro de 2024, marcando um Dia Federal de Luta. A manifestação, convocada pela Central dos Trabalhadores da Argentina, a CTA, vários sindicatos e outras organizações populares, mostrou a ampla rejeição do modelo econômico e social do governo de Javier Milei.

Laura Vales destacou, em uma coluna na Página 12, que o protesto organizado foi resultado de três meses de conversas entre setores opostos na busca de um 'sujeito coletivo' para enfrentar o governo libertário.

Os líderes do evento, como Hugo Yasky e Hugo Godoy, acusaram Milei de perpetuar um modelo que enriquece as elites, aumentando a pobreza e a indigência. Yasky destacou que “aqueles com o poder econômico estão saqueando as riquezas da Argentina enquanto negam aos trabalhadores seu pão”, deixando-os ainda mais empobrecidos. Godoy, por sua vez, alega que as grandes corporações financeiras “sustentam um sistema que saqueia a riqueza nacional às custas de nossa angústia”.

O documento lido no Plaza, compartilhado pela Indymedia Argentina Trabajadoras/es, condenou a supressão do estado de direito social e o avanço das políticas neoliberais sob o pretexto do “Déficit Zero”. As organizações apontaram que essas medidas representam uma tentativa de chantagem para desmontar a justiça social e submeter as instituições aos interesses do Fundo Monetário Internacional.

Embora a Confederação Geral do Trabalho CGT não tenha participado oficialmente do ato, alguns de seus sindicatos estavam presentes junto com organizações sociais como a União dos Trabalhadores da Economia Popular UTEP e os 'curas villeros’ – padres que atuam em bairros pobres – que fizeram uma oração ecumênica em defesa das cantinas comunitárias e dos aposentados. Líderes de direitos humanos como Adolfo Pérez Esquivel e Taty Almeida também marcaram presença, expondo as políticas de austeridade como ataque à memória, verdade e justiça.

O destacamento policial, supervisionado pela ministra Patricia Bullrich, incluiu postos de controle e uma atuação dissuasiva que, de acordo com uma reportagem da Página 12, buscava intimidar os manifestantes, especialmente as mulheres que faziam piquetes. 

O protesto refletiu a amplitude de setores afetados pelas políticas governamentais, de professores e funcionários públicos a agricultores familiares e estudantes universitários. José Testoni, chefe da CTA de Santa Fé, afirma: “A resistência existe, mas falta uma solução política clara. Mesmo assim, devemos continuar a nos mobilizar para evitar que a resignação tome conta”.

O dia foi considerado um grande marco, ainda mais em um ano cheio de fortes mobilizações contra o governo de extrema direita. De acordo com a Radio Gráfica, as organizações reiteraram seu compromisso com a justiça social e anunciaram novas ações para manter viva a resistência e construir uma Argentina mais inclusiva e solidária.

Vale ressaltar que durante o governo de Javier Milei, a pobreza na Argentina atingiu 49,9% da população, cerca de 23 milhões de pessoas. Enquanto isso, a indigência subiu de 11,9% em 2023 para 12,9% no terceiro trimestre deste ano, revelou o estudo mais recente do Observatório da Dívida Social Argentina da Universidade Católica Argentina (ODSA-UCA).

Seguel Alfredo é pesquisador, fundador da Mapuexpress e comunicador do El Ciudadano, cobrindo as frentes de Povos Indígenas, Meio Ambiente e Direitos Humanos.

Foto: El Ciudadano

Available in
SpanishEnglishPortuguese (Brazil)GermanFrenchArabicItalian (Standard)
Author
Seguel Alfredo
Translators
Nathalie Guizilin and ProZ Pro Bono
Date
14.01.2025
Source
El CiudadanoOriginal article🔗
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